por Mário Montanha Teixeira Filho

O feriado de Sete de Setembro e os dias seguintes a ele foram pródigos em esquisitices. Bravatas do capitão, caminhoneiros em delírio, gado a celebrar o estado de sítio que era de mentira, idas e vindas de um golpe que se arrasta no tempo e destrói tudo.

Sem pensar no ridículo – ou sem pensar em nada –, o país segue o destino cruel ditado pelo voto malvisto, malfadado, filho do ódio posto na urna que a estupidez do vencedor renega, em gesto inusitado de ingratidão (ou incompreensão).

Tristes dias.

Para acalmar os ânimos excitados da massa miliciana, o vampiro reencarnado subiu ao palco, ditou redação de escola ao mito, que levou pito e prometeu bom comportamento de agora em diante. De sapatênis nos pés e gumex nos cabelos, golpistas mais ou menos arrependidos passearam num domingo de ruas vazias. E os jornalões, e os tribunais, e os senhores sóbrios de ternos bem cortados, e os malandros e seus colarinhos brancos, todos se sentiram animados diante da pacificação anunciada. Falta-lhes a terceira via, é certo, mas ela virá, acreditam. O ser será parido pelos donos da grana, que tudo compram, que tudo fabricam para alimentar seus quereres de posse e poder.

Intrusos podem ser tolerados, mas serão sempre intrusos. Foi o recado que ficou do convescote gerontológico oferecido por Najas, o especulador, aos donos do PIB, personalidades macabras a beber vinhos caros, a encher de ouro e seda seus corpos decadentes, disfarce inútil para a feiura dominante. Havia sangue na mesa, escorrido dos caninos expostos nas bocas abertas dos comensais que riam do arremedo zombeteiro do presidente improvável – a ausência planejada. O outro lado do horror. Ou o mesmo lado.

Bolsonaro de mãos dadas com Temer, a cena final. Fora!