DIÁRIO DA GRIPEZINHA
Os silvícolas que aqui viviam chamavam de ibirapitanga a árvore que os portugueses preferiram chamar de pau brasil. Brasil, qualquer idiota sabe, vem de brasa, diz-que. Mas o meu pau brasil jamais será vermelho – diria, no futuro, um negacionista da vermelhidão no pau brasil. A bem da verdade, os portugueses praticamente acabaram com a ibirapitanga, que só era ibirapitanga para os ibirapitangueses que aqui viviam. Nada mais justo, diga-se de passagem, que a árvore se chamasse assim, posto que a fruta pitanga, que empresta seu nome ao pau, era e continua sendo vermelha. Mas os portugueses não queriam passar à História como ibirapitanguaras, e daí inventaram o brasil, mas isso qualquer celenterado sabe. Estava aqui pensando: Já que o atual Governo – se isso que está aí for um Governo – escolheu caminhar para trás, e que tal rebatizar nosso país com seu nome antigo – Ibirapitanga? Ia ficar meio difícil para compor hinos: “Ouviram do Ibirapitanga às margens flácidas…” e músicas do nosso cancioneiro: “Meu ibirapitanga ibirapitangueiro, terra de samba e pandeiro…” Uma coisa não entendi nesse Governo, se isso que está aí for um. Se a palavra brasil está intimamente atada à palavra brasa, por que levantar a bandeira do meu país jamais será vermelho? Nasceu vermelho e continuará sendo enquanto se chamar Brasil. Ou, que vá!, Ibirapitanga. Agora me ocorreu que, como a pitanga que empresta seu nome ao pau, também a goiaba pode ser vermelha. Ficaria estranho chamar o país de Goiabão?
Filme: TUBARÃO (direção de Samuel Fuller, com Burt Reynolds, Silvia Pinal e Arthur Kennedy – 1969) Reunião para jogar buraco na Casa da Mãe Joana. No quintal, emas inquietas. Um bando de lobos guarás foram vistos, sorrateiros, escondendo-se na casa do senador. Tiozinho mandou o cara da sanfona parar porque desse jeito não dava para se concentrar. Foi aberto um baralho novo. O rapaz que serve cafezinho ia distribuindo as cartas. Um clima de suspense. Tiozinho lê as suas, arranca as penas de ema que embelezam sua boina, sobe na mesa, ergue a espada e grita “Truco”.