Do Analista dos Planaltos

A reação dos procuradores da Lava Jato, tentando ainda impedir que o STF mantenha o acesso da defesa de Lula às gravações dos diálogos incestuosos que envolvem ainda o ex-juiz Sérgio Moro, mais parece o grito dos desesperados, uma última cartada para impedir o pior: a revelação dos métodos empregados para, em alguns casos, construir narrativas e moldar os termos de acusações que levaram a condenações frágeis de provas.

Ganha uma fritada de morcego do mercado de Wuhan, como diz o articulista Élio Gaspari, quem adivinhar o desfecho desse grito dos desesperados da Lava Jato no STF. Alastra-se entre os ministros a percepção de que a Lava Jato ignorou barreiras éticas e legais para conseguir seus objetivos e, por isso, aproxima-se a hora de passar tudo a limpo.

Quem era culpado, vai continuar culpado. Quem cometeu crime e até agora vinha posando de mocinho, corre o sério risco de se juntar aos culpados. É pedagógico. Não se pode punir crimes, cometendo outros crimes.

O que os procuradores temem é exatamente isso. Que a revelação de seus métodos e movimentos seja o empurrão que falta para punições corporativas e legais. Já foi o tempo em que eles eram bajulados por sua ousadia. Agora é o tempo de olhar com lupa o que eles fizeram no verão passado. E tem muita gente interessada nessas revelações. Para o bem e para o mal. No caso do bem, para evitar eventuais excessos em casos futuros.