por Greg Mariano

Mãe, hoje os caranguejos atacaram o centro de Curitiba.

Centenas de monstros marinhos deslancharam, em colunas ordenadas, para o assalto final ao Batel e ao Champagnat.

Eu consegui salvar a mulher e os filhos atirando em alguns e pisando nas pinças de outros – mas eles continuavam vindo, mais numerosos e furiosos conforme seus companheiros desfaleciam às centenas.

Milhares de curitibanos corriam, gritavam e morriam enquanto eles prosseguiam o ataque e rompiam cada linha de escudos, metralhadoras e coletes à prova de bala que a polícia militar e o exército colocavam no caminho.

Os horrores que presenciamos são inomináveis – nunca apagarei da memória um soldado caído e sem o braço, tinha uns 17 de idade e chorava pela mãe, amputado e dilacerado por pinçadas particularmente violentas.

Nos refugiamos no quartel do Bacacheri, mas não estamos tão esperançosos quanto à defesa deste lugar. O chão chacoalha como num terremoto agora mesmo enquanto te escrevo – e ouço o som de homens gritando e helicópteros caindo e tanques de guerra destroçados, enquanto a civilização morre.

Saiba que te amo e diga para o pai que tenho saudades.

Espero viver para escrever mais.