15:02Transição

por Patrícia Liliana Iunovich

Entra a noite; o dia não se arrefece. Nesse hiato pra tentar descansar a cabeça, surge um novelinho de linha que você puxa o fio pra frente e pra trás. Ouve músicas, lê poesias e o coração fica cético. Mas já não é Natal? Não deveríamos todos estar repetindo a expressão ho ho ho? O que aconteceu? O ano passou e não tivemos tempo pra cuidar de nós? De nos abraçar e garantir o acolhimento que só nós mesmos podemos nos dar. No fundo, o que nos salva é uma espécie de “fé”- pra não morrer de vez-, de que tudo fluirá mais leve. Que a brisa mais tarde desnude o espetáculo do pôr do sol cor âmbar que todos os dias anseio e transforma o cenário do céu da nossa fronteira pra que o hiato lá de cima do texto seja apenas uma passagem serena entre o dia e a noite e vice-versa. E não mais uma aflição. Às vezes precisamos ficar a sós e só, refletir e ver pulsar cada sentimento, cada expectativa e sermos “donos do nosso destino”. O capitão ou capitã da nossa sensível frágil humana. A que ri; chora e bate em descompasso ou no tom certo de quando encontramos alegria na mais boba lembrança. A que nos faz rir bobamente sem censura.

 

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