Vi os olhos de Clarice e entrei em transe. Sim, Lispector. Não era foto. Estava sendo entrevistada no tempo do preto em branco na tela da tv. Logo em seguida, alguém entrou em casa e disse que parou de torcer para a seleção brasileira na Copa de 1982. Não por causa do time, mas porque, numa comemoração, jogaram uma bomba cabeça de nego de dentro de um carro. Ele pisou em cima, exatamente na hora da explosão. Fraturas. Um ano engessado. Clarice nem precisou falar nada. Vi um olho e unhas no cérebro de um guri quando abriram a tampa da cabeça dele numa cirurgia. Stephen King consegue. Eu não. Meu liquidificador mental não tritura as coisas na cachola. Vou ordenar como? Nacos explodem. Ainda bem que não dói.