por Dirceu Pio
Morei em Curitiba por quase 20 anos e digo que fui amigo de José Richa, ele governador do Paraná, depois senador constituinte (1988) e eu jornalista responsável pela sucursal do Paraná dos jornais O Estado de São Paulo e Jornal da Tarde.
Enquanto jornalista, nunca fui de ter amizade com políticos, mas tive de abrir uma exceção no caso dele porque, digamos, seu carisma e poder de sedução eram irresistíveis. Richa, o pai desse rapaz que acaba de ser preso com a mulher, um irmão e assessores, foi um democrata no verdadeiro sentido da palavra.
Quando governador, enfrentou greves virulentas dos professores mas, ao contrário do filho e de Álvaro Dias, que deram ordens expressas à PM para espancar e enxotar os grevistas, resolveu todas elas na base do diálogo e da perseverança.
Nunca fui condescendente com ele; muitas vezes, meus escritos foram duros com José Richa, mas ele nunca reagiu com virulência, nunca me destratou, limitava-se a me chamar num canto para uma conversa e me passava suas versões com simpatia e afabilidade.
Amicíssimo de Mário Covas e de Franco Montoro, diria que políticos da estirpe de Richa, Covas e Montoro, fazem muita falta nos dias atuais.
MÁ ÍNDOLE DO FILHO ESTAVA NA CARA
Deixei Curitiba para voltar a São Paulo em 1992 e fui apresentado ao filho no segundo ano de seu primeiro mandato de governador (2012) . Foi grande a decepção!
Beto Richa pareceu-me ser frio, insípido e inodoro. Estendeu-me a mão num gesto mecânico e não me olhou nos olhos, nem depois de eu lhe dizer:
– Fui amigo de seu pai, um grande sujeito…deu um sorrisinho rápido e me virou as costas…Saí do encontro com a certeza de que ele ainda iria produzir grande decepção a quem acreditou nele…
Já no final de seu primeiro mandato chegavam-me informações de que seu governo se transformava célere num festival de corrupção…
Talvez por falta de oportunidade não atinja os volumes desviados por seu colega fluminense, Sérgio Cabral. Mas se investigarem fundo, vão descobrir que chegara quase perto….uma pena!
Velho Richa deve estar se virando no caxão a essa hora.
Belo texto. Tambem me passou esta impressao. Arrogancia, empafia. Hoje rei morto.
Parabéns pelo artigo. Como tenho 71 anos, vivenciei o que Dirceu Pio descreve.
A 30 anos atrás tinha diálogo, e hoje tem?? A cada greve o pessoal fica na esperença de aumentar o número de feridos e vez de negociar.
A maior vergonha da politica paranaense. E olha que temos o Requião Mamona.