Me pedem para listar os poetas. Difícil. Demorei muito tempo para entrar nos versos deles. Ou seria o contrário? Eles demoraram para me encontrar. Mas esse encontro só acontece quando a alma está pronta para receber e decifrar de acordo com a vivência – até do que veio lá dos antepassados, dos tempos imemoriais. Foi assim quando li sobre o pente desenterrado no quintal de terra. Eu sabia dele, porque mistério. E antes de me ver nas palavras o objeto, as cores, sentir os cheiros daquele espaço, houve o momento em que o filho recordou a cena, única, do pai que esteve longe e, um dia, colocou-o no colo e o penteou. Lágrimas surgiram – e o retrato do momento que o menino guardou, e depois passou. Então, fez-se o amor no reencontro em forma de poesia real.