14:49Da floresta para a cidade: historiadora lança livro que mostra o primeiro caminho da água encanada de Curitiba

Do jeito que veio

Lorena de Pauli mostra que a escolha dos mananciais da Serra do Mar para ser o primeiro sistema de abastecimento da capital paranaense foi muito além de critérios técnicos. Havia uma visão que remetia ao paraíso, embora o lugar fosse amplamente habitado desde o início do século XIX.

Das adutoras embrenhadas na floresta até a casa dos curitibanos. A historiadora Lorena de Pauli vai lançar nesta quarta-feira, dia 23 de agosto, das 18h e 22h, no Centro de Estudos Bandeirantes (Rua XV, 1050) o livro ‘Uma História Ambiental dos Mananciais da Serra do Mar: o Abastecimento de Água para Curitiba (1870-1929). A obra é resultado da dissertação de mestrado, defendida em 2008 no Programa de Pós-Graduacao em História da Universidade Federal de Santa Catarina e mostra quais foram os primeiros caminhos da tão aguardada água encanada. Até então, a população curitibana servia-se em bicas que ficavam em praças da cidade. O evento vai acontecer no Centro de Estudos Bandeirantes, no centro de Curitiba, a partir das 18 horas. O livro começa a ser vendido no dia do lançamento e depois vai ser disponibilizado por meio do site: www.institutomemoria.com.br.

A publicação é referencial para todos os que estudam ou se preocupam com o abastecimento de água e as questões ambientais de uma metrópole. O tema é urgente e ainda existe um número reduzido de estudos historiográficos nesta área. A publicação é pioneira e aponta ainda caminhos para novos estudos desta temática.

O livro está divido em três capitulo. O primeiro, dá início a história ambiental dos mananciais da serra do mar, por meio da identificação da paisagem, da população local e dos usos dos terrenos quando foram desapropriados a partir de 1906. Apesar da documentação comprovar que já havia população no local, a sua natureza foi descrita como intocada, selvagem e edêmica. O capítulo dois, demostra que a escolha dos mananciais foi feita também por motivos simbólicos, associado a inserção das ideias de natureza do século XIX, vinculadas às representações de intelectuais paranaenses e viajantes que ali estiveram. Já no capítulo três, a autora mostra os critérios técnicos que definiram a escolha dos mananciais da serra do mar e a expectativa da população curitibana para a chegada da água encanada por meio de charges e notícias divulgadas pela imprensa da época.

“A busca de água ultrapassou os limites da cidade e foi para a direção leste”, conta a historiadora que diz ainda que de fato as razões técnicas foram determinantes para a definição da serra do mar como manancial de abastecimento de Curitiba. Contudo, a realidade dos rios urbanos e a falta de água possibilitaram a idealização de um lugar paradisíaco, com água farta e cristalina. A presença constante no horizonte dos curitibanos, sua paisagem remetia ao paraíso. “Ainda hoje, vê-la dos pontos altos da cidade a reluzir tons azulados, ou não enxergá-la coberta pela neblina é, no mínimo, inspirados. Assim, se os pobres e os sapos iam cada vez mais para longe, pode-se dizer que a busca por mananciais também, chegando ao limite na serra do mar”, completa a autora.

Serviço:
O que: Lançamento do livro Uma História Ambiental dos Mananciais da Serra do Mar: o Abastecimento de Água para Curitiba (1870-1929), da historiadora Lorena de pauli
Quando: Quarta-feira, 23 de agosto
Horário: Entre 18h e 22h.
Local: Centro de Estudos Bandeirantes, que fica na Rua XV, 1050
Contato: Camila de Pauli, assessora de imprensa 9 99140393.

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