Do jornal O Globo
Morreu às 4h43 desta quarta-feira (16) em Brasília o ex-senador boliviano Roger Pinto Molina, aos 58 anos. Ele estava internado em estado grave e “instável” no Hospital de Base desde quando se acidentou de um avião de pequeno porte no sábado (12).
Segundo a Secretaria de Saúde, ele teve parada cardiorrespiratória e não respondeu às manobras de reanimação. O corpo foi encaminhado para o IML, por se tratar de acidente aéreo.
Molina estava internado na UTI do próprio Hospital de Base. Ele deu entrada na unidade com diversas fraturas pelo corpo e com traumatismo craniano. A equipe médica chegou a fazer drenagens nos dois lados do tórax e uma traqueostomia – abertura no pescoço para a respiração artificial – de urgência.
O acidente
O acidente com o boliviano ocorreu após a decolagem no Aeroclube de Luziânia, cidade do Entorno do Distrito Federal. Os bombeiros prestaram os primeiros atendimentos e informaram que Molina tinha várias lesões pelo corpo, mas estava consciente.
Um helicóptero da corporação transportou o ex-senador para Brasília. O monomotor pertencia ao ex-senador, de acordo com registro na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), tinha capacidade apenas para o piloto e um passageiro e foi fabricado em 2010.
A carcaça do avião está em um hangar do Aeroclube de Luziânia. Molina faria apenas um sobrevoo visual pela região e retornaria ao aeroclube. Um vídeo mostra avião que caiu com ex-senador boliviano minutos antes de decolagem.
FAB investiga
A Força Aérea Brasileira (FAB) começou a apurar as causas da queda do avião ainda no sábado (13). De acordo com o órgão, uma equipe do Sexto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes (Seripa VI) foi ao local do acidente para colher informações para a perícia.
O Centro de Comunicação Social da Aeronáutica informou ao G1, neste domingo (13), que todos os procedimentos iniciais sobre a queda da aeronave foram feitos pelo Seripa, mas que ainda não há detalhes sobre as suspeitas da causa do acidente.
Asilo brasileiro
O ex-senador boliviano ficou conhecido no Brasil em 2013, quando ele buscou asilo político alegando perseguição do então presidente Evo Morales.
Roger Pinto Molina refugiou-se na embaixada brasileira em La Paz no dia 28 de maio de 2012. Em 8 de junho do mesmo ano, o Brasil concedeu asilo ao senador. A decisão foi criticada pela Bolívia, que falou em “equívoco”.
Sem conseguir um salvo-conduto do governo boliviano, Roger Pinto Molina viveu mais de um ano no edifício da embaixada brasileira em La Paz. Segundo uma das três filhas, Molina estava em um espaço de 20 m², com cama, escrivaninha, TV, frigobar e mesa, sem banheiro próprio.
A viagem entre a capital boliviana e a cidade de Corumbá (MS) – que durou 22 horas – foi feita em um carro da embaixada do Brasil, com apoio de fuzileiros navais. A vinda dele foi investigada pelo Itamaraty.
Chapecoense
Roger Pinto Molina é sogro de Miguel Quiroga, piloto do avião que caiu com a delegação da Chapecoense, em novembro do ano passado, na região de Medellín, na Colômbia.
Miguel era casado com Daniela Quiroga, filha de Molina, e tinha três filhos, o mais novo de apenas quatro meses. Ele também era o proprietário da empresa LaMia. Na época, o ex-senador chegou a pedir perdão às famílias das vítimas do acidente.
“Queremos dizer para os milhões de brasileiros, especificamente para os familiares, filhos, pais e irmãos de Chapecó que sentimos muito. A palavra desculpa não resolve nada. Mas, queremos pedir perdão se foi um acidente que poderia ser evitado ou não. A capacidade e a vontade do nosso filho não está em questão, as investigações vão estabelecer o grau de responsabilidade”, disse.