Vi a foto da suíte de cem mil a diária onde está hospedado o jogador mais caro da história do futebol. Lembrei na hora do vestiário mais lúgubre que conheci – no interior de São Paulo. Fiquei parado na porta que dava passagem para o corredor que levava ao campo de futebol, ali onde grama não havia mais, apenas ervas daninhas. Poças d’água eram como manchas luminosas naquela construção – e esta dava impressão de que desmoronaria ao primeiro grito de gol lá fora. Fiquei parado e impressionado com as cores quentes, fortes, das paredes desbotadas, do teto manchado com bolor, do reflexo da luz do dia que vinha do campo e entrava por janelas sem vidros. Lembrei dos filmes fotografados pelo inglês Nicolas Roeg, mas especialmente de um que dirigiu, o perturbador Inverno de Sangue em Veneza. Um jogador que estava ao meu lado revelou então a emoção que sentia ao sair daquele vestiário para se apresentar todo domingo à tarde. Não veio a mancha vermelha crescendo na tela da minha mente, como naquele filme. Sorri feliz como aquele desconhecido. Assim deve acontecer com o milionário jogador lá em Paris. Porque os dois sabem o que de fato proporciona esta alegria.
Coitado do Garrincha,imagino ele hoje e essas montanhas de dinheiro,não teria envenenado o figado com conhaque brabo.
MERCENÁRIOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
Profissional.
Se fosse para ser jogador só por “amor a camisa”, ele estaria na suburbana de Santos e ganharia a vida como operador de telemarketing.
Em qualquer profissão é assim, aliás.