O gosto salgado do vento
Como em um lamento a sussurrar no mar
A lápide ainda mal feita
Como uma suspeita de que vim para matar
Não os martírios dos que não amam
Mas os desatinos dos que se enganam pelos rodopios do ar
Em um oceano de ondas sem contas a se rezar
Em um caderno sem linhas para escrevinhar
Em um contexto que não é útil para quem sabe pintar
A colorir bocas, dentes, iras coléricas a extraviar
A doçura da loucura que não se limita a golpear
Com doses de malícia a nossa dor de não saber caminhar
Mesmo que os passos nos levem a não mais esperar
Que os navios partam sem nos deixar
A ver o horizonte se dissipar