8:43Guiatura

de Ticiana Vasconcelos Silva 

Todos dormindo no caminho de um sonho impossível a nos conduzir pelas matas de cachoeira, borboletas e incontáveis girassóis.
Tranquilamente conduzo meus anseios, sem ter medo do que venha acontecer.
Parece-me que é caro viver, mas paga-se barato para não morrer.
Escutei um dia alguém dizer que a vida é quase um martírio, um sacrifício a se resolver, mas os problemas da alma a gente tem que esconder para não perder a parada do trem que nos leva para o não querer. Não querer é poder, como diria Fernando Pessoa com suas linhas desassossegadas que contornaram a pedra no meio do caminho.
Que lindo abençoar e amar como se não houvesse amanhã, pois não há. Nunca haverá e este é o fim de um começo eterno.
Saí em busca da liberdade, mas me prenderam para que eu dormisse sem sonhar.
Então, vou encarar de frente a angústia e os medos conscientes a me fazer tremer o frio que condena o meu escuro.
Fui obrigada a declarar guerra, mas a paz ordenou que eu sumisse sem deixar vestígios – e eu estou aqui. Agora. E o que faço? Nada, pois o vazio traz o arrepio na alma sem desalojar os segredos.
Danço, canto, pinto, bordo, cozinho, sorrio, pois a lei é a virtude dos imortais.
Morrerei com dor, mas com a consciência em cima da virtude que caiu. Mas não morri. Estou aqui para escrever. Sempre. A história sem fim.
Não me vinguei, pois vingo na mata colorida de meus pensamentos vivos, sólidos, complexos e sem destino, pois viajar é conhecer os lampejos do raio estelar de Zeus.
Adeus. Volto e não volto, como sempre fiz no caminho.
Para não ignorar a minha ignorância que dança em uma valsa de formatura. A de todos nós.
Me graduei em doenças e curas, me desamarrei de minhas armaduras para me defender. E não me contenho nesse espaço imenso que é viver. Entendi sim e vim porque mereço.

Uma ideia sobre “Guiatura

  1. Sergio Silvestre

    Tenho uma escola de datiliografia,muitas namoradas,sou bonito,sou um craque jogando bola,fui um bom ala no basquete.
    Sou um cidadão maduro ,fechei a escola por causa do avanço da informatica,continuo na mesma sala,cuido dos meus dois folhos fora do casamento e mais dois do meu casamento.
    Sou um sexagenário,ainda tento jogar bola pois sou teimosos,continuo na mesma sala,apesar de raras ainda tenho namoradas,me sinto um velho bonito e teimoso.
    E a vida passou e nem percebi,corri atrás de namoradas,trabalhei 10 horas por dia,não sai do Pais,nunca fiz um cruzeiro e meu território foi esse de 100 km de raio.
    Valeu a pena viver,sim valeu a pena por aquilo que fiz e por que não consegui fazer e caminho pelas ruas da cidade que nasci e cresci e não me preocupei para conhecer outros lugares até por que eu tinha que cuidar dos meus filhos e esposa.
    Me sento no banco da conha que foi meu companheiro nos últimos 60 anos e penso nos meus filhos que estão pelo mundo,minha esposa seguiu os passos deles e me mandam todos os dias mensagens de como estão e eu sozinho nessas noites frias mas de céu estrelado fico me perguntando o que eu não fiz.

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