20:44Não ao legalize!

Do jornal Gazeta do Povo

Legalização das drogas é rejeitada pela maioria da população brasileira

Em todos os níveis de formação e em todas as regiões do país a maioria das pessoas rejeita a proposta de se legalizar maconha e cocaína

A maioria da população brasileira é contrária à legalização das drogas e rejeita a ideia defendida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Roberto Barroso de que essa seria uma alternativa para combater o tráfico e a superlotação dos presídios. Uma pesquisa exclusiva feita pelo Paraná Pesquisas para a Gazeta do Povo mostra que 70,9% da população é contra a legalização da maconha e 84,3% contra a da cocaína.

Em fevereiro, diante da crise no sistema carcerário, com mortes em presídios do Amazonas e de Roraima, Barroso defendeu que a legalização das drogas seria um caminho para conter o tráfico e reduzir a população carcerária. “A primeira etapa, ao meu ver, deve ser a descriminalização da maconha. Mas não é descriminalizar o consumo pessoal, é mais profundo do que isso. A gente deve legalizar a maconha. Produção, distribuição e consumo. Tratar como se trata o cigarro, uma atividade comercial. Ou seja: paga imposto, tem regulação, não pode fazer publicidade, tem contrapropaganda, tem controle”, disse o ministro.

Para Barroso, a legalização quebraria o poder o tráfico, pois seria a ilegalidade que dá poder aos traficantes. O ministro do STF defendeu que, em prazo maior, até a cocaína possa ser legalizada: “E, se der certo com a maconha, aí eu acho que deve passar para a cocaína e quebrar o tráfico mesmo.”

Mas a proposta de Barroso não está em consonância com o que a população brasileira pensa sobre o assunto. Em todas as regiões do país, faixas etárias e níveis de instrução prevalecem os que são contra à legalização das drogas.

O levantamento feito com 2.020 pessoas em todos os estados do Brasil e no Distrito Federal aponta, porém, a Região Sul como a que tem a população que mais concorda com a legalização das drogas. Nessa região, 29% dos entrevistados são a favor no caso da maconha – e 72,8% contra –; para a cocaína são 13,5% a favor – e 78,1% contra. As regiões Norte e Centro-Oeste são as que têm população que mais discorda da proposta, com 72,8% contra legalização da maconha, e 87,3% à da cocaína.

Na análise a partir da faixa etária, as pessoas de meia idade – entre 35 e 44 anos – são as que se mostram mais contrárias à legalização, com 78,3% de rejeição à proposta no caso da maconha. Entre os jovens de 16 a 24 anos, a resistência é a menor: 57,7% são contra a legalização e 39,8% favoráveis.

A pesquisa também aponta que, quanto maior o nível de instrução, mais as pessoas tendem a ser favoráveis à legalização das drogas. Mesmo assim, em todos os níveis de formação, o índice maior é o de pessoas contrárias à proposta de Barroso. 74,1% das pessoas com formação até o ensino fundamental rejeitam a sugestão do ministro. Entre os que têm curso superior, essa discordância cai para 63,6%.

Entre mulheres e homens há uma pequena variação no índice de aprovação da ideia. Entre os homens, 68,3% discordam da legalização; enquanto as mulheres chegam a 73,4% contra. A população economicamente ativa também é mais resistente (71,6%); e a menos ativa tem 69,4% contra.

Medo do desconhecido

Para o jurista Luiz Flávio Gomes, o alto índice de rejeição à legalização das drogas reflete o medo da população em relação ao assunto. Ele observa que as experiências com a medida, como as de alguns estados dos Estados Unidos e do Uruguai, ainda são muito recentes e é preciso aguardar para ver qual resultado terão. “Enquanto não se mostra como uma alternativa concreta, a população morre de medo de que as coisas piorem. Nem todo mundo rejeita a proposta por razões moralistas, alguns o fazem por desconhecerem [o que pode acontecer]”, analisa Gomes.

O penalista Cezar Bitencourt defende que qualquer mudança na legislação sobre drogas deve ser feita gradualmente e ressalta que o debate deve ocorrer em nível internacional. Ele é contra a legalização das drogas para que se tornem atividade comercial. “Isso quebraria o país, seria uma ilha de legalização no meio da América Latina. Na Holanda isso foi um fracasso.” Na opinião dele, o que precisa ser debatida é a descriminalização do consumo da maconha.

O advogado também defende um trabalho das autoridades para se distinguir usuários de pequenos traficantes, pois a confusão entre os dois seria um dos motivos para a superlotação dos presídios.

No STF

Uma ação que discute a descriminalização do porte da maconha para consumo próprio tramita no STF sob a relatoria do ministro Gilmar Mendes. Até agora, três votos foram favoráveis à mudança: o do relator e os dos ministros Luiz Roberto Barroso e Edson Fachin. A votação foi interrompida em setembro de 2015 quando o ministro Teori Zavascki pediu vista. Como ele não devolveu o processo, seu substituto Alexandre de Moraes é que deve reencaminhar o processo para análise do plenário do Supremo.

Atualmente, o artigo 28 da Lei 11.343/2006, chamada de Nova Lei de Drogas, prevê sansões administrativas para quem estiver portando drogas para uso pessoal, como advertência, prestação de serviços à comunidade ou comparecimento a programa ou curso educativo. Em seu voto, Mendes propôs a extinção dessas sanções para quem estiver portando drogas, o que faria com que o porte deixe de ser crime.

Contra a legalização

A maioria da população brasileira é contra a proposta de legalização de drogas, tanto cocaína quanto maconha. A maior rejeição está entre as pessoas com menor nível de escolaridade e nas regiões Norte e Centro-Oeste. Na faixa etária, o maior índice de resistência à proposta está entre os de meia-idade.

MACONHA

Por sexo

Por faixa etária

Por escolaridade

Por região


COCAÍNA

Por região

Fonte: Paraná Pesquisas. Metodologia: Foram ouvidos 2.020 eleitores entre os dias 12 e 15 de fevereiro em 146 municípios brasileiros de 26 estados e Distrito Federal. O grau de confiança é de 95%, e a margem de erro é de 2%. Infografia: Gazeta do Povo.

4 ideias sobre “Não ao legalize!

  1. João Carlos Vítola

    Prezado.
    Sei em parte (s) sua (s) luta (s) e acredito ser a sua voz uma enorme força naquilo que tange o assunto drogas e por isso mesmo irei provoca-lo com minhas elucubrações que talvez beirem ao estado de loucura, não provocadas pelas drogas e muito menos pela sua falta
    Dissecar um monstro requer alguma Lógica, separar as partes antes lidas em algum livro de anatomia e colocar a mão no bisturi requer algo mais que simples teorizar ou orar aos deuses.
    O monstro está na mesa.
    Vamos em partes, como diria Dr. Frankenstein.
    A equação drogas começa porque alguém produz.
    Alguém transporta.
    Alguém compra e distribui.
    Alguém Compra e consome.
    Isto resumindo.
    Tudo gira em quem lucra e quem se inebria de seus efeitos.
    Tudo é muito bom e satisfatório para este caleidoscópio.
    Esquecemos que produtor e traficante não são viciados e aí está o calcanhar de Aquiles desta máquina que tanto se fala e nada a desmorona.
    É preciso muita coragem para enfrentar o monstro.
    Quero ver quem paga para acertar a cabeça deste flagelo.
    Primeiro, pense na quantidade, nas toneladas que são aprendidas (talvez 10%) do tráfico mundial.
    Isto já seria um bom começo.
    Pense comigo, a droga aprendida ser destinada ao programa de eliminação deste COMÉRCIO.
    Parece loucura não?
    Pois não é, assim me parece.
    Vamos a receita da morte do monstrengo.
    Droga apreendida não seria mais incinerada.
    Droga apreendida seria disponibilizada gratuitamente em estádio de futebol demarcado para tanto, somente para maiores de 18 anos, entrada permitida somente com vestuário, calção ou biquíni (para nada sair do estádio), para participantes de curso anterior sobre a mortalidade inerente as drogas mas que assim mesmo queiram embarcar nesta viagem sem volta, para os que assinassem termo sabendo dos riscos envolvidos, que pagassem transporte funerário, perícia do IML (causa mortis) caixão para o devido enterro, tudo isto apresentado ao vivo para conscientização das crianças que precisam aprender de forma fática o que é a realidade das drogas.
    Primeira consequência, a mais importante, quebraria o produtor, quebraria o traficante, quebraria os (atravessadores e (acobertadores) deste sistema) .
    Mostraria ao público sujeito a tentação das (experiências) com drogas o que elas realmente são.
    No mais infelizmente creio não haver solução.
    Por vezes é preciso usar o veneno da cobra para encontrar seu antídoto.

  2. Fausto Thomaz

    …”Droga aprendida seria distribuída gratuitamente em estádio de futebol”?????….Comeu merda João Carlos??? Levando em consideração que 90% das torcidas são um bando de ignorantes idiotas, os estádios virariam uma cracolandia a céu aberto….e futebol que é bom…..nada.

  3. João Carlos Vítola

    Fausto, óbvio que o espaço aqui não é para discutirmos se eu comi merda ou se você tem merda na cabeça ao entender da forma como entendeu comentário que fiz.

  4. Fausto Thomaz

    Quem tem alguém na família com problemas com drogas sabe muito bem que a idéia é ridícula, percebe-se que vc não sabe diferenciar um baseado de um canudo pra cheirar coca, com uma idéia dessas quem tem merda na cabeça eh vc.

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