A morte do torcedor do Coritiba, atingido por um tiro disparado por policial militar que fazia parte da “escolta” que levaria o grupo do estádio Couto Pereira até o Joaquim Américo, é uma tragédia onde, pelas primeiras declarações oficiais, vê-se que a banalização da violência já ultrapassou as raias do absurdo. “Disparo acidental de arma de fogo” é um clichê tão utilizado que, apesar de ter até sido verdade, não esconde uma verdade única que qualquer policial ou especialista em armas de fogo sabe: o dedo estava no gatilho. Do lado dos torcedores a informação de que a Império Alviverde estava em paz, tranquila e pronta para ver o jogo que não se realizou, é outra falácia. Se esta torcida e a Fanáticos, do Atlético Paranaense, fossem compostas de torcedores que apenas são apaixonados por futebol, não precisariam de proteção policial para se deslocar pelas ruas da cidade para ir ao território do “inimigo”. De novo se pergunta por que, em vésperas de jogo, o comando da PM se reúne com representantes desta e de outras torcidas para traçar planos que, na teoria, evitaria confrontos. Ontem houve alguns, longe dos estádios, entre bandos de pequenos marginais que maculam as camisas sagradas dos dois times. No episódio do tiro que matou o adolescente de apenas 16 anos, só havia gente de camisa verde e branca. O que vai dar tudo isso? Apenas o enterro de um menino que não aprendeu o que é ser torcedor.