Rogério Distéfano
DE L’AUDACE, ENCORE DE L’AUDACE, TOUJOURS DE L’AUDACE. A frase de George Danton, da tríade da Revolução Francesa, cabe em Rafael Greca, nosso prefeito. Ele ontem palmilhou a via dolorosa dos gabinetes do TCE para reverter a liminar que suspendeu o aumento da passagem de ônibus. Greca, como Danton, é homem audacioso, sua marca pessoal.
Greca não seguiu Renan Calheiros e xingou Ivan Bonilha de conselheco, como o coronel de Alagoas quanto ao juiz que concedeu liminar para impedi-lo de assumir a presidência da República. Mas não cumpre a liminar, igual a Renan quanto ao juizeco. Ameaça recorrer ao Judiciário se o TCE não revogar liminar na sessão de hoje.
Qual o erro de Greca, ou os erros de Greca? O principal: aumentou o valor da passagem de ônibus no primeiro mês de governo. O valor vinha comprimido desde a vice-prefeitança de Beto Richa, que começou a confusão ao interferir nos reajustes, subsidiando a diferença para manter as empresas em serviço.
Manter subsídios naquele padrão pós-Richa significaria retirar dinheiro de outras ações da prefeitura. Se o reajuste foi excessivo, cabe ao TCE demonstrar hoje à tarde, quando examina a liminar. Ou o Ministério Público, quieto até agora, seja porque não vê problema ou o vê muito pequeno para suas magnas responsabilidades.
Greca fez o que o prefeito anterior deveria ter feito. E no momento certo. Seguiu Maquiavel: o mal todo de uma vez, o bem aos poucos, em conta-gotas. Greca venceu a eleição, os passageiros e a câmara dos vereadores não contestam o novo valor da passagem. Se Gustavo Fruet ousasse o mesmo, poderia estar reeleito.
O prefeito vai ao TCE caitituar o reajuste. E daí? Os conselheiros não são vestais intocáveis. Eles vieram do meio político, chegaram ao TCE graças à política. Controle pelos TCs é política. Até juízes aceitam visitas de convencimento. Lembram do ministro Alexandre Moraes prometendo a senadores recebe-los na privacidade do gabinete do STF?