Fundei o meu país quando nasci ,com a ajuda de papai e mamãe – provavelmente nessa posição. Meu choro ouvido como choro, mas eu estava era antecipando a letra da música dos Titãs, aquela que diz não sou brasileiro, não sou estrangeiro, eu não tô nem aí, eu não tô nem aqui e nenhuma pátria me pariu. Tive problemas, sim, na tentativa da independência dentro do tal sistema que um dia ouvi falar. Por desacato fui em cana algumas vezes. Ok, cuspi na cara, xinguei a mãe, chutei os bagos de algumas autoridades, sempre tentando fazê-los entender que o amor é meu país, mas eles só lembravam da música do Ivan Lins num festival da canção – e tome pancada. Nunca cansei do meu estado libertário, onde a única constituição é a do meu corpo, regido pelo meu cérebro e comandado pela minha alma. Como sobrevivo? De dia como atendente de telemarketing. À noite como guarda noturno.