Durante um mês teve pesadelos com aquela agulha enorme. Lembrou de Tina Turner cantando Acid Queen. Ela seria a enfermeira a lhe espetar a coluna e rasgar a carne com a desculpa da anestesia. Havia coisa pior, entretanto. Uma sonda a entrar pela uretra, feito um tatuzão de escavação de túnel de metrô, mas com fogo na ponta rotatória a queimar tudo que encontrasse pela frente. Quando entrou na sala de cirurgia lembrou de um ambiente propício para o Alien aparecer e o sangue jorrar pelas paredes. O amansa louco que lhe aplicaram colocou tudo no devido lugar. O rosto das enfermeiras, instrumentista e anestesista eram angelicais. Elas conversavam assuntos triviais, que ele ouvia distante. Houve uma espetadinha nas costas. Quando acordou, tudo tinha terminado. O cirurgião sorria pelo sucesso do trabalho. Ele não sentiu nenhuma dor. Foi para casa no dia seguinte com a certeza de que seu fantasmas aterradores jogam no time para que o depois seja o paraíso.