Da Folha.com
Suplente preso tenta assumir vaga na Câmara dos Deputados
Com a saída de congressistas para ocupar o cargo de prefeito ou vice, a Câmara dos Deputados poderá ter até 25 novos integrantes a partir de janeiro, entre eles um que atualmente está preso por descumprir ordem de não se aproximar da ex-noiva, a quem é acusado de sequestrar, espancar, estuprar e manter em cárcere privado.
Osmar Bertoldi (DEM-PR), 47, ocupa desde fevereiro uma cela no Complexo Médico-Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, o mesmo que abriga presos da Operação Lava Jato.
Tendo recebido quase 82 mil votos em 2014, ele já poderia ter assumido o mandato neste ano em duas ocasiões, entre elas com a ida de Ricardo Barros (PP) para o Ministério da Saúde.
Pelo fato de ele estar preso, porém, a Câmara convocou outros suplentes. Bertoldi é, agora, o primeiro da lista de substituição de Marcelo Belinati (PP-PR), eleito para a Prefeitura de Londrina.
A assessoria técnica da Câmara afirmou que chamará Bertoldi para tomar posse caso seja solto até dezembro.
Sua defesa ingressou no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal com pedidos para revogar a prisão e assegurar a posse dele. No STJ foi negada liminar em decisão publicada nesta sexta (14). No STF não há decisão ainda, mas a Procuradoria-Geral da República manifestou-se contra.
Segundo a denúncia do Ministério Público do Paraná, Bertoldi espancou, estuprou e manteve em cárcere privado a ex-noiva Tatiane Bittencourt em 2015, com o auxílio de funcionários. Ele acabou preso em fevereiro deste ano por descumprir a ordem judicial de manter distância mínima de Tatiane.
O caso resultou em duas ações penais. Em uma delas, ele foi absolvido das acusações de violação de domicilio, coação e desobediência.
No primeiro turno das eleições, dez deputados se elegeram prefeitos ou vice. Outros 15 disputam o segundo turno. Na lista dos outros 24 possíveis novos deputados está Evisnaldo Cruz (PMDB-PB), mais conhecido como Elvis, que entra no lugar de Manoel Júnior (PMDB-PB), eleito vice-prefeito de João Pessoa.
Ele teve só 2.111 votos em 2014, mas ganhará o mandato na carona de votações expressivas de colegas de sua coligação. As contas de campanha de Elvis foram desaprovadas por unanimidade pelo Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba em 2014 sob o argumento de que ele não apresentou a prestação exigida pela legislação.
Candidata derrotada na disputa pela Prefeitura de Itapemirim (ES), Norma Ayub (DEM) aguarda o resultado da disputa em Vila Velha (ES) para ocupar cadeira na Câmara. Ela foi condenada em primeira instância por improbidade administrativa por causa da construção de banheiros públicos de forma irregular em área de preservação, quando foi prefeita da cidade. A obra custou mais de R$ 63 mil.
Ela recorre da sentença da suspensão dos direitos políticos e multa.
O ex-deputado Silas Brasileiro (PMDB-MG) depende da eleição da deputada Margarida Salomão (PT-MG) como prefeita de Juiz de Fora para retornar à Câmara.
Ele responde a ação ajuizada pelo Ministério Público que cobra R$ 19,8 mil correspondentes ao uso particular de aeronaves do governo mineiro na época em que era secretário da Agricultura.
OUTRO LADO
Os advogados Caio Fortes de Matheus e Claudio Dalledone Junior, que atendem Osmar Bertoldi na área criminal, negam as suspeitas sobre o suplente.
Eles dizem que as acusações “são fruto de um plano criminoso de ascensão financeira, social e política de alguém que, após pretensamente ‘ter sido’ estuprada, sequestrada, lesionada, mantida em cárcere privado, continuou a frequentar com Osmar Bertoldi os hotéis e restaurantes mais requintados do Sul do país, fazer compras em joalheria de luxo, e ajuizou ação requerendo o sobrenome do hipotético ‘estuprador’ e mais de R$ 1 milhão”.
A Folha não conseguiu contatar a ex-noiva dele.
A defesa de Norma Ayub diz que ela pagou pelo prejuízo e não obteve vantagem com a obra. A reportagem não conseguiu falar com os advogados de Silas Brasileiro e do peemedebista Elvis.