Do blog Cabeça de Pedra
Meu pinguim morreu. Ele era branco, todo branco. Me acompanhava faz muito tempo. Ficava ali, sempre silencioso, como se observando e tomando conta de tudo. Primeiro na sala do apartamento. Depois, no escritório. Nunca reclamou de nada. Nem do barulho da geladeirinha velha. Acho que, quando notava que eu saía, começava a conversar com seu companheiro. Sim, tenho outro pinguim. Todo preto. Na semana passada, depois do almoço, o branco morreu estupidamente. Entrei e vi o bicho despedaçado no chão. Provavelmente foi atacado pela persiana incentivada pelo vento forte que entrou janela adentro. Recolhi-o numa pá de plástico e enterrei-o com honras de herói embaixo do pé de café que tenho no quintal. Agora o preto está ali, sozinho. Posso jurar que flagrei-o chorando hoje cedo. Fui lá e fiz um carinho nele. Baixinho, disse que estava procurando um outro companheiro/a. Não sei o sexo dele e do que morreu. Nunca pensei nisso. Pinguim de geladeira, pra mim, é como anjo.