por Cida Borghetti*
“Apenas quando somos instruídos pela realidade é que podemos mudá-la”, Bertold Brecht
Depois de tantos anos de luta pelos direitos da mulher e por uma sociedade brasileira mais igual, os números acabam por nos surpreender: O “Mapa da Violência 2015 – Homicídio de Mulheres” divulgado em Novembro pela Organização Mundial de Saúde (OMS) mostrou que entre 1980 e 2013 foram assassinadas no Brasil 106 mil e 93 mulheres. O País tem uma taxa de 4,8 homicídios para cada 100 mil mulheres, o que nos coloca num ranking vergonhoso de 5º maior taxa do mundo num grupo avaliado pela ONU de 83 Países. Em 2013, último ano pesquisado pela OMS foram 4 mil 762 mortes, ou seja, 13 mulheres assassinadas por dia.
É um cenário aterrador e injustificável que não distingue cor, classe social nem raça e nos conclama, a todos, para agir com mais força e rigor. Como deputada estadual, consegui instituir o projeto que determinou o 25 de Novembro como o “Dia de Combate à Violência contra as Mulheres” no Paraná que depois se estendeu para o Brasil. O objetivo, quando se estabelece uma data, é chamar a atenção sobre o assunto, num primeiro momento. Depois, com o conhecimento sobre a realidade, começa-se a agir.
Nesse ano de 2015, depois de vários debates e encontros sobre a situação da mulher no Paraná e no Brasil, surgiu a ideia de mobilizarmos as mais de 300 rádios do Paraná para ajudar na luta contra a violência que atinge nossas mulheres. Através da Associação de Radio Difusão do Paraná (AERP), que congrega rádios de todo o Estado, em parceria com a ONG Mais Marias e o Governo do Estado serão veiculadas mensagens, diversas vezes por dia e em programas variados, para que aquelas atingidas pela violência, mesmo no seio da família, deem o primeiro passo e denunciem.
Uma mulher ferida, seja física ou moralmente, perde a dignidade e com ela a auto estima. E se enfraquece. Precisa de apoio real, de se sentir protegida diante do agressor para agir. A isso se chama Defesa dos Direitos Humanos, uma responsabilidade que é da sociedade, da classe política e dos governos, em todas as instâncias. Abrir espaço numa rádio paranaense para a denúncia é apenas um passo para deixar claro, tanto para a mulher, como para seu agressor, que a divulgação do crime inibe, educa e conscientiza.
A Lei 11.340/2006, ou Maria da Penha, é conhecida por 98% dos brasileiros, assim como temos um aparato legal que protege as brasileiras. Mas nosso papel ainda reside no esforço para que a lei seja efetivamente aplicada.
Ou, melhor ainda, que a sociedade seja conscientizada, em definitivo, para a punição do crime. Dentro em breve, as mensagens começarão a ser divulgadas em todo o Paraná. O convite está em aberto: todas as paranaenses terão mais esse espaço para serem ouvidas , compreendidas e apoiadas. Participem!
*Cida Borghetti é vice-governadora do Paraná
Muito bla bla bla e nada muda so discursos para politico encher linguiça,daqui estou vendo sua preocupação.