Na véspera do dia dos mortos, a sensação que se tem neste país destrambelhado é que estamos vivendo um período em que a maioria dos brasileiros foi transformada em zumbis, mortos-vivos espancados por notícias diárias de falcatruas, roubalheiras, desmentidos, achincalhamentos generalizados, tapas na cara para deixar de ser bobalhões que trabalham honestamente, impunidade, assassinatos, barbárie. Olha-se de um lado e do outro de quem está por cima da carne podre e não se vislumbra um pingo de esperança. E não se pode parar para pensar sob o risco de se afundar mais na fossa aberta desde sempre. Talvez por isso a ninguenzada entra de corpo, alma e cara nas traquitanas eletrônicas – onde se conversa com uma tela e se esquece que quem está do outro lado tem olhos, alma, coração, pele, ossos, carne, cérebro. Vamos jogar! Vamos comemorar o Dia das Bruxas dos Estados Unidos! Vamos fofocar no Facebook e contar pelo twitter como foi bom levantar e, logo cedo, colocar para fora do corpicho o bolo fecal, de forma eficiente e rápida. Vamos seguir os gurus malucos das igrejas achacadoras que prometem a salvação em troca de dízimos – e os da politicalha que dominam o dom eu sei tudo, do eu sou eu e o resto que se exploda! Vamos cuspir na cara e, se possível, linchar quem torce para o outro time no futebol ou na “ideologia”! Pensar um pouco dói. É melhor ter quem nos guie, ficar esperando as migalhas do Estado, mesmo que o custo seja o esfolamento e empalamento sistemático. Como seria bom arrumar um emprego público ou numa dessas estatais para não ter de se preocupar com demissões e com o futuro que nos vai levar para… para… o dia dos mortos, depois da longa travessia como morto-vivo.