22:30O que dói em nós

por Darcy Ribeiro

O Brasil cresceu visivelmente nos últimos 80 anos. Cresceu mal, porém. Cresceu
como um boi mantido, desde bezerro, dentro de uma jaula de ferro. Nossa jaula
são as estruturas sociais medíocres, inscritas nas leis, para compor um país da
pobreza na província mais bela da terra. Sendo assim, no Brasil do futuro, a
maioria da gente nascerá e viverá nas ruas, em fome canina e ignorância figadal,
enquanto a minoria rica, com medo dos pobres, se recolherá em confortáveis
campos de concentração, cercados de arame farpado e eletrificado.
Entretanto, é tão fácil nos livrarmos dessas teias, e tão necessário, que dói em
nós… A nossa conivência culposa.

Uma ideia sobre “O que dói em nós

  1. CÉTICO

    Fracassei em tudo o que tentei na vida.
    Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.
    Tentei salvar os índios, não consegui.
    Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.
    Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.
    Mas os fracassos são minhas vitórias.
    Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”

    Relembrando a célebre frase de Darcy Ribeiro, me pergunto: porque será que os brasileiros não gostam dos raros políticos decentes que, eventualmente, aparecem no cenário político brasileiro.
    Na hora do voto preferem os canhalhas de sempre. Freud deve explicar, quem sabe.

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