17:16Presidentes da Odebrecht e Andrade Gutierrez são denunciados à Justiça por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha

Da Folha.com, em reportagem de Estelita Hass Carazzai

Executivos da Oderbrechet e Andrade são denunciados em ação da Lava Jato

Executivos de duas das maiores construtoras do país, a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, foram denunciados à Justiça nesta sexta-feira (24) sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.

Esta é a primeira acusação formal contra executivos dessas duas empresas, investigadas na Operação Lava Jato há pelo menos oito meses.

Entre os denunciados estão os presidentes Marcelo Bahia Odebrecht, da Odebrecht, e Otávio Marques de Azevedo, da Andrade Gutierrez. Os dois, além de outros seis executivos, estão presos preventivamente desde junho.

O Ministério Público Federal, que ofereceu a denúncia, sustenta ter provas de que a Odebrecht e a Andrade Gutierrez faziam parte de um cartel que combinava o resultado de licitações na Petrobras e pagava propina sobre os contratos.

Ao contrário das empresas investigadas até aqui, as duas companhias faziam a maioria dos pagamentos no exterior, segundo os procuradores, por meio de um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro que usava contas secretas e empresas offshore, controladas pelas empreiteiras.

Nesta quinta (23), o Ministério Público Federal já havia apresentado documentação bancária recebida da Suíça, que mostra supostos depósitos da Odebrecht em contas ligadas aos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa, Renato Duque, Jorge Zelada e Nestor Cerveró, além do ex-gerente Pedro Barusco.

Investigação feita pelo Ministério Público da Suíça aponta que subsidiárias da Odebrecht no exterior estão na origem de pagamentos que somaram US$ 17,6 milhões (R$ 59 milhões) a ex-dirigentes da Petrobras em contas secretas na Europa.

As informações bancárias levantadas pelas autoridades suíças embasaram a decretação de uma nova prisão preventiva de Marcelo Odebrecht e de outros executivos da companhia nesta sexta (24).

Em relação à Andrade Gutierrez, os procuradores entenderam que a empresa participava do cartel na Petrobras, com base no depoimento de colaboradores. Documentos também demonstrariam pagamentos de pelo menos R$ 4,9 milhões ao lobista Mario Goes e ao operador Fernando Baiano, presos na Lava Jato –que, para o Ministério Público, não se justificam e seriam uma prova do esquema de corrupção.

OS DENUNCIADOS

Foram denunciados seis executivos ligados à Odebrecht e cinco à Andrade Gutierrez (incluindo ex-funcionários).

São eles: da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, Rogério Santos de Araújo, Alexandrino de Salles de Alencar, Márcio Faria da Silva, Cesar Ramos Rocha e Paulo Sérgio Boghossian.

Da Andrade Gutierrez, os denunciados são Otávio Marques de Azevedo, Flávio Gomes Machado Filho, Antonio Pedro Campello de Souza, Paulo Roberto Dalmazzo e Elton Negrão de Azevedo Júnior.

Também estão entre os denunciados os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque; o doleiro Alberto Youssef; os operadores Fernando Soares (o Baiano), Bernardo Freiburghaus, Mario Goes e Lucelio Goes; e os ex-funcionários da Petrobras Celso Araripe e Pedro Barusco Filho; e Armando Furlan Junior, sócio do Fernando Baiano em empresas suspeitas de repassar propina.

O juiz federal Sergio Moro, da Justiça Federal no Paraná, responsável pelos processos da Lava Jato, é quem irá decidir se aceita ou não a denúncia –em caso positivo, os executivos passam a ser considerados réus.

Moro, nesta sexta, autorizou a transferência dos executivos da Andrade Gutierrez e da Odebrecht que estão presos na carceragem da Polícia Federal para um presídio comum, o Complexo Médico Penal, em Pinhais, no Paraná.

OUTRO LADO

Ambas as empresas negam veementemente qualquer participação no esquema.

A Odebrecht já afirmou que seus executivos vêm sendo prejulgados, e que as provas colhidas pelo Ministério Público não demonstram o vínculo entre os diretores e as contas que teriam sido usadas para o pagamento de propina.

A Andrade Gutierrez, da mesma forma, sustenta que “não tem ou teve qualquer relação com os fatos investigados pela Lava Jato”, e diz que não há fundamentos que justifiquem a prisão e o indiciamento de seus executivos.

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