Do blog Cabeça de Pedra
Uma vez um amigo lhe disse que, às vezes, é melhor não fazer a fotografia daquilo que a alma pede, mesmo com a câmera na mão. Alguns momentos são para guardar na memória, na alma, no coração. Pensou nisso antes e durante a viagem por lugares que só via em filmes, em fotos, ou descritos nos livros que consumia vorazmente. Mas eram tantos, no curto espaço de tempo permitido pelo dinheiro, que, ao final de cada dia, anotava numa pequena caderneta o que tinha a ver com ele, o que lhe abria as portas da emoção. Voltou para casa e colocou o caderno em cima de uma estante. Nunca mais abriu. Sabia que ali estavam grafadas as palavras que iriam reabrir lugares, coisas, gentes, mas numa outra dimensão – que nem imaginava. Deixou ali, porque também tinha suas teorias, como a do amigo. Para ele, a hora certa chegaria. Ou não. Mas isso era outra história.