Meu mundo é pequeno e sem histórias. Céu azul a primaverar o canto dos rouxinóis. Árvores a enfeitar um orbe sem governo. Ciclos se desfazendo no silêncio.
Meu mundo é vazio e preenche a escuridão que teima em plantar estrelas em meu olhar. Contemplo, então, infinitas partículas de atmosferas que se desprendem e caem em meu quintal.
Meu mundo é uma palavra que ousa riscar do vocabulário as palavras não ditas e sentidas sem êxtases. Sou a lua menor em que milhares de girassóis crescem em sua direção a buscar o mistério do beijo selado sob os juramentos de amor de Romeu e Julieta. Eu sou o ângulo mais lânguido e menos provável do triângulo que se rompeu e abriu o vácuo para a vida.
Meu mundo é um adeus, uma saudade, nenhuma cidade nem idade. Não menos que a eternidade, meu mundo é constante no instante em que se percebe a luz que se solta quando o orvalho sobe imediatamente após o nascer do sol.
Meu mundo é a esquina, a calçada, o meio fio no meio da meia vontade, pois meu anseio é maior que a morte do sol que se desfaz como mel em meus pensamentos matinais.
Meu mundo é celeste, secreto, abstrato. Meu mundo é uma vigia da minha imensa mania de ir e voltar. Meu mundo é a distância da pedra ao mar. Meu mundo é seu. E o seio sente a sua presença como a intensa chama da loucura a permear secretos sonhos. Acendo uma vela e peço para que se permaneça a ausência, pois o sono é mais belo quando o elo não se rompe.
Meu mundo é o sentido mais íntimo e mais tímido. Meu mundo é a mágica de estar em constante mudança rumo ao leste para se pôr sob seu olhar. Sumo e apareço como uma esmola que se dá por esperança sabendo-se da lembrança que ecoa no fundo da alma. Espero-te ao lado, na superfície de meus sonhos. Meu mundo é a conclusão da finalidade da matéria e do desvio do espírito. Meu mundo será então uma plantação de amoras na próxima casa onde morarei em frente a um lago que reflete a beleza de meu céu. Meu mundo é são. Meu mundo é grão. Meu mundo é chão.