6:39LEROS

de Carlos Castelo

§ Vida financeira de escritor nunca foi fácil. Veja Faulkner, que acabou virando roteirista em Hollywood – talvez isso explique seu gosto pelo whisky. Aqui na Botocúndia, nossa versão de Hollywood é a televisão aberta. Houve uma época em que até tentei me infiltrar como autor de roteiros em uma emissora. É claro que não deu certo. Tornou-se impossível ler meus escritores favoritos enquanto era bombardeado pelas fofocas dos colegas sobre a Galisteu, o Faustão, a Angélica e o Senor Abravanel. A fusão desses dois mundos, tão díspares, fritou meus neurônios. Não sei como essa gente consegue redigir as falas do Raul Gil e, mais tarde, batucar um conto surrealista para um concurso. Apesar de que o camarim da Xuxa também era bem surreal. No fim, não dei conta. Durante meu breve período na televisão, a única coisa boa que escrevi foi a minha carta de demissão.

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