de João Pedro Bara Filha
Da janela 1
Da janela penso ver o que seja real, pode ser um troço, ou tão somente um animal.
Ouço ruídos léguas além do meu alcance, sei que a cidade canta suas últimas estrofes.
Um temporal contumaz começa resolutamente a se engendrar.
Desço as escadas, boto um disco na vitrola, e minhas angústias tento aplacar.
Da janela 2
De muitas maneiras almejo levar a vida adiante, de bar em bar em solitária
contagiante embriaguez.
Sinto que a cidade exala bafos sufocantes.
Do que eram flores tudo agora se perdeu no amplo espectro do que outrora já foi meu.
Subo as escadas, tiro o disco da vitrola, e minhas angústias voltam a me atormentar.