DIÁRIO DA GRIPEZINHA
A síndica decidiu que os professores receberão um capilé por aula ministrada. Em seguida, indicou quem daria as próximas aulas, e com esses fechou questão. Metade da grana seria encaminhada ao Fundo Educacional de Condomínio (FUECO), presidido pelo marido da pessoa citada. Outra metade virava capilé pra professor. Nada mais justo. Por outro lado, ficou mais pesado para o condomínio. Mas, se é para o bem do Brasil, vamos deixar que nos assaltem. A síndica já foi avisando que estavam todos proibidos de puxar pena de galinha durante a aula. Sempre que um aluno puxava uma pena vinha um galinheiro inteiro. E como tem galinha nesse Governo! Você olha assim, vê um senhor sério, vestindo terno bem cortado, gravata impondo respeito, e aquele ar superior de quem está sempre com a razão. Puxa uma pena do cara, pronto, cococó, vira uma tremenda galinha. Para que essas coisas não acontecessem, estavam os alunos instruídos para segurar seus desejos de puxar pena. Teve até a Euleitéria – acho que foi a Euleitéria – que em sua incomensurável ingenuidade perguntou: “Puxar pena de ema, pode?” Eram assim aquelas aulas. Uma hora, a sala estava cheia de gente querendo aprender; outra hora tinha que chamar raposa pra espantar a galinhada.
Filme: PALAVRAS AO VENTO (dirigido por Douglas Sirk, com Lauren Bacall, Rock Hudson, Robert Stack, Dorothy Malone – Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante). Venta muito no Planalto Central. Tiozinho bem queria falar para que todos o ouvissem, mas o vento não deixava. Então, passou a falar para meia dúzia, num cercadinho.