19:09ZÉ DA SILVA

Quase matei um amigo de pancada por causa da vacina. A única briga em toda minha vida. Éramos vizinhos de cerca. Um portãozinho ali separava os terrenos de nossos quase cortiços. No quarto e cozinha dele se juntava uma moçada para ver seriados na segunda tv daquele pedaço do bairro da periferia. Não vem ao caso. Acontece que tomei uma vacina para não sei o quê e, dias depois, tinha lá aquela ferida ressecada. Estávamos brincando de carrinho de rolimã e, por algum motivo, ele foi me dar um tapa – e arrancou aquela casca. O sangue escorreu pelo braço esquerdo – e subiu pra cabeça. Derrubei-o, subi em cima e comecei a dar murros e tapas na cara, como aprendi nos seriados de faroeste. Os gritos fizeram alertaram os adultos. Minha mãe, a dele, minha tia, etc. Tentavam me tirar de cima de quem me feriu. Não conseguiam, até que um vizinho me arrancou de lá. Ficamos uma semana sem nos falar. Depois… uma nova ferida se formou no local e, mais tarde, virou cicatriz. Para sempre, como nossa amizade.

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