DIÁRIO DA PANDEMIA

Estou aqui para negar veementemente que eu tenha dito que a síndica aqui do condomínio desfilava de burka em vez de usar máscara, e que a moda pegou e logo todas as mulheres do sexo feminino imitavam a lançadora de moda. Também nunca disse que alguns garotos passaram a se apresentar de burka nos folguedos do parquinho, e inclusive seus papais e suas mamães usavam aquela vestimenta afegã nas reuniões de condomínio. Nego de pés juntos que eu tenha comprado uma boneca inflável e que tenha dado a ela o nome de Marylin. Não sei de onde é que vocês tiraram isso. Quanto à maledicência contra minha pessoa, que eu tenha maldado da amizade do capitão do pedaço com um garoto, o qual coabita sob o mesmo teto, eu também nunca disse tal inverdade. Os dois moram juntos, lá isso é verdade, os dois tomam banho de ofurô, também é verdade, mas nunca os dois juntos na mesma hora e no mesmo ofurô. Quanto ao General Pazzuelo, acredito que esteja fazendo um trabalho sério na Pasta da Saúde, e eu nunca disse o contrário disso. Ô gente implicante!

Filme: OVOS DE OURO (direção de Bigas Luna, com Javier Bardem, Maria de Medeiros, Maribel Verdú, Elisa Tovati, Benício del Toro e Alícia Moro). Naquele tempo de dragões, capricórnios e centauros, conhecido por Idade Média, a Ignorância campeava. Ninguém sabia ler ou escrever (só os nobres). A miséria também campeava. Então, um reizinho que vivia nas trevas da Ignorância e nos dias de miséria do povo, inventou de alimentar sua pomba Golondrina (esse era o nome da ave) com grãos de ouro, crendo que ela passaria a botar ovos de ouro. Perdeu ele sua Golondrina e seu ouro posto que, enriquecida, a ave voou para terras distantes.