por Ricardo Araújo Pereira
Não há autoridades preocupadas em achatar a curva dos chatos da curva
Primeiro, a diretora do Departamento de Saúde Pública da Organização Mundial da Saúde disse que uma segunda vaga do novo coronavírus era cada vez mais improvável. Depois, o diretor-executivo do programa de emergências sanitárias da mesma organização disse que temos de nos preparar para uma segunda vaga.
Entre a primeira e a segunda vaga de opiniões sobre vagas, distaram apenas algumas horas –o que, em princípio, indica que a posição de diretor de comunicação encarregado da definição do discurso oficial da OMS está vaga.
Entretanto, alguns especialistas lamentaram as posições contraditórias da OMS, dizendo que podiam transmitir uma mensagem confusa aos cidadãos, o que não é verdade. Todo mundo ficou com a ideia bem clara de que a OMS não faz a mais vaga ideia sobre a ocorrência de novas vagas. E isso pode não ser necessariamente mau.
Para fazer face à Covid-19 é importante estamos juntos, e nada reforça tanto a união como a constatação de que nenhum de nós sabe coisa alguma. Somos estudantes que não perceberam a matéria agrupados à porta da sala em que vai decorrer o exame. Sabemos que vai correr mal, mas encontramos algum conforto na ideia de que estamos juntos no descalabro.
Claro que alguns cidadãos não conseguem admitir que se sentem tão perdidos quanto nós e se agarram a duas ou três convicções na esperança de deixarem de fazer parte do grupo dos desnorteados. Esses cidadãos dividem-se em dois grandes grupos: os que alegam já ter tido a Covid e os que monitorizam toda a gente que já teve.
Os primeiros recordam uma dor de cabeça esquisita que tiveram na segunda quinzena de novembro e concluem: “Já era o vírus, ainda sem nome, e eu bem disse que aquilo não era uma gripe normal”. Houve uma primeira vaga imaginária que infectou alguns pioneiros. Felizmente, àquela altura o vírus ainda não era diabolicamente contagioso. De acordo com o que tenho observado, as pessoas que despacharam o vírus logo no final do ano passado sovaram-no em segredo com os seus anticorpos e não contaminaram nenhum dos seus entes queridos.
O segundo grupo é o das pessoas que mantêm gráficos no Excel, os atualizam diariamente com os novos dados, e aborrecem todos os que os rodeiam com comentários e conjecturas sobre curvas. E, infelizmente, não há autoridades preocupadas em achatar a curva dos chatos da curva.
*Publicado na Folha de S.Paulo
Velho!!!! Estou chegando a conclusão: aqui na capital, assistimos movimentos de pessoas similar antes do vírus.
A maioria já tem o carimbo do COVID19, estão teoricamente imunes, caso contrário os hospitais estariam em colapso.
Quaisquer sintoma de mal estar, logo vem a mente que é coisa do COVID19.
O bicho já entrou no pensamento, pelos sintomas, acredito que já existiu batalhas, acho que faço parte dos sobreviventes, pois, fui vacinado em algum supermercado, sempre cheios, como se os alimentos fossem acabar.