Ruim é ser desponderado. Descobri isso ao começar a trombar com empoderados. Tinha pouco mais de um mês de idade. Médicos me desenganaram, não havia pastor de tev para tirar o tinhoso do meu corpo. Veio um padre. Acho que foi a água benta. Ele me batizou, mamãe fez a malinha para eu ir pro céu. Lá dentro só pano de bunda, mesmo porque a gente morava num cortiço. Resolvi não ir. Empoderado ficou sendo o sacerdote. Eu mesmo virei um birrento. Do pré-primário ao curso universitário não concluído, Gzuis de Madalena!, como tinha gente sábia, que não sofria, sem nada de dúvidas, gente que projetava o futuro como se fossem um programa de computador que só mais tarde virou mais comum do que a marmita que meu pai levava para a fábrica – sempre com um bifinho às sextas. Nesse tempo todo, fiquei ralando a cara na parede chapiscada da vida. Claro que achando que tudo que fazia era merda – e encontrando gente que, putaquepariu!, até para preencher uma ficha no hotel parecia estar assinando o acordo de paz da segunda guerra mundial. Só depois de velho me veio uma luz, tênue, mas veio. Hoje gosto de ver, de ouvir, de acompanhar os cheios de razão, os que sempre se acreditaram, mesmo quando o rabo se desmanchou com um bico de outro da mesma tribo. Continuo sem saber nada. Melhor, sei uma coisa quando o empoderamento explícito e alheio me enche o saco. Conjugo um verbo no pretérito, que é perfeito, pois vale para sempre e resume a importância que dou para tudo isso: caguei!