por Célio Heitor Guimarães
Eu já lhes disse aqui que não entendo nada de economia. Agora, digo-lhes que também não entendo nada de política. De política, cá no primeiro planalto paranaense, entendem mestre Zé Beto, o sempre certeiro Celso Nascimento, o feroz Rogério Distéfano, a serpente Ruth Bolognese e o decano Luiz Geraldo. Eu sou capaz apenas de farejar os ratos que, valendo-se do voto do incauto eleitor, tomam conta do queijo chamado Brasil.
Por isso, gostaria que uma boníssima alma me esclarecesse o que fizeram os atuais candidatos, ao menos os mais cotados, em favor do Paraná, qual é a obra administrativa de cada um que lhes credencie a ocupar o trono do Palácio Iguaçu. Segundo os acima citados especialistas, muito pouco, o que, em bom brasileirês, significa nada. Aquele trono tem história. Tirante a fragilidade desastrada dos últimos ocupantes, já sustentou nomes como Bento Munhoz da Rocha Neto, Ney Braga, Jayme Canet Júnior, José Hosken de Novais, José Richa, o pai, e até Paulo Pimentel, Álvaro Dias e Roberto Requião, este num primeiro momento, todos nomes de peso, ainda que pudéssemos ter alguma divergência com a conduta e/ou ideologia deles.
A vistosa Maria Aparecida Borghetti, catarina de Caçador, ex-apresentadora do programa Curitiba Vip, foi primeira-dama de Maringá durante o mandato do marido, Ricardo Barros. Como deputada estadual, foi, segundo a Wikipédia, recordista na proposição de leis estaduais, entre as quais a que instituiu o Dia Estadual da Luta contra o Câncer de Mama. Com tamanho cabedal político, acabou indicada para compor, como vice, a chapa do segundo mandato de Carlos Alberto Richa. No entanto, segundo a Gazeta do Povo, o seu desempenho no 1º debate televisivo entre os candidatos ao governo, promovido pela Brand Paraná, “ficou longe de ser um dos mais memoráveis”, com “propostas imprecisas e postura um tanto insegura”.
Ratinho Júnior, na carteira de identidade Carlos Roberto Massa Jr., veio de Jandaia do Sul e surfa na popularidade do pai, o Ratão do SBT, o que já lhe valeu um mandato na Assembleia Legislativa do Estado e dois na Câmara Federal. Desse tempo não se tem notícia. Ah, sim, segundo a mesma Wikipédia, foi autor da proposição de lei que isenta os motoristas de ônibus escolares de pagar IPI. Na gestão do pequeno Richa, foi, deixou de ser e voltou a ser secretário do desenvolvimento urbano do Paraná, sem deixar vestígios a registrar.
O curitibano João Arruda é formado em Ciência do Esporte, coisa que só existe lá nos EUA. Conduzido para a política pelo tio, Roberto Requião, irmão de sua mãe, Lúcia, foi eleito duas vezes deputado federal. De sua atuação em Brasília, consta a relatoria da proposta que elevou o teto do regime tributário especial Supersimples e a autoria do projeto conhecido como “Lei Maria da Penha Virtual”. Votou contra o processo de impeachment de Dilma Rousseff. E só. Pena que se ancore apenas na popularidade (popularidade?!) do tio. Poderia dizer, talvez com melhor resultado, que é filho de João José de Arruda Neto, o J.J, que foi meu companheiro de rádio e com quem dividi uma quitinete no início dos anos 60, e encantou as telespectadoras curitibanas como garoto-propaganda e os telespectadores como um dos apresentadores (o outro era o Jamur Júnior) do “Show de Jornal”, o melhor noticioso da televisão paranaense. Ou então que foi sobrinho da saudosa Denise Martins Arruda, uma das melhores juízas que o Paraná já teve, chegando a ministra do STJ.
O corajoso Rogério Distéfano, do blog “Insulto Diário”, assistiu ao “in su por tá vel” debate entre os candidatos a governador. Quer dizer, aguentou até o final do primeiro segmento. E resumiu o que viu como tendo sido “estocadas, entre o pueril e o tolo”. Como exemplo, cita a afirmação de Ratinho Jr. de que o Paraná esteve na mão de dinastias nos últimos trinta anos, esquecendo-se da sua condição de “delfim da dinastia que se inicia”. O fato foi apontado pelo concorrente João Arruda, “sobrinho-nepote do chefe da outra dinastia”.
Rogério Distéfano desligou a televisão “em solidariedade e alguma pena da governadora” e candidata à própria sucessão. Justificou: “Ela respondia às questões no estilo aluno-que-enche-linguiça: iniciava dizendo que tudo era importante, fundamental, como se exercer o mandato do governador fosse uma brincadeira de criança”. Talvez ela ache que seja, grande Rogério.
Distéfano destaca que o único candidato que se saiu bem no tal debate foi Piva, “o tiozinho do PSol, que foi objetivo, claro e agressivo na medida”, durante a parte que ele conseguiu assistir.
Depois de Charles Albert Richard I, o garboso (apud G. Must), o Paraná merecia coisa melhor.
Está vendo no que deu a sua retirada de cena, prezado Osmar Dias? Essa eleição era sua. Fácil.
Célio com seu talento e invejável capacidade de análise, enriquece qualquer órgão de comunicação