O demônio do meio-dia apareceu quando ele já era famoso. Alguns nascem com ele, mas, no caso, o jovem que seguia para a maturidade foi tomado, como se fosse atropelado em cima da calçada num dia de sol. Se sua mente privilegiada o fazia ver tudo de forma correta, iluminada, e a energia o fazer ter planos e criar, agora ele era um trapo jogado na cama do apartamento da cidade grande. Sufocado, mas lúcido, sempre, sabia que precisava tomar banho, mas estava há uma semana ali, pregado no colchão, sem forças para ir até o banheiro e se limpar com ducha forte. Acabou chegando ao box, mas rastejando feito uma cobra ferida, mesmo sem ter nenhum problema físico. A terapia e os medicamentos o fizeram retomar o controle. Demorou um pouco, mas aconteceu – e ele então resolveu transformar a dor no melhor relato para quem se afunda na depressão, corre risco de morte e acha que não há saída. As palavras do jornalista e escritor Andrew Solomon precisam ser lidas, principalmente por quem não tem a mínima ideia da doença e até duvida da existência da depressão. “O Demônio do Meio-Dia” está nas livrarias, esperando para mostrar que há um caminho para se afastar dele.