Colecionava primeiras páginas de jornais sangrentos. Mas só aquelas onde se descrevia e mostrava fotos de crimes passionais. Gostava quando havia uma combinação de degolação com suicídio por formicida. Esquartejamentos também o atraíam. Ele tinha uma certeza: o amor não existe, assim como muitas outras coisas, mas tem gente que acredita e até mata por ele. Namorou, sim. Chegou a casar, mas aquilo para ele era algo como se fosse uma receita de bolo, que tinha que ser seguido nos trâmites escritos pela tal sociedade. Sorte que não teve filhos. Ficou na dele, mas atento aos crimes, porque achava o esgarçamento total da inteligência humana – ainda mais por ser o motivo aquele inventado pelo próprio homem. Pra que? Respondia secamente: para facilitar o coito. Um dia teve um ataque cardíaco. No hospital achou que os remédios tinham lhe afetado, pois se apaixonou por uma enfermeira. Durante uma madrugada cortou os tubos.