ROGÉRIO DISTÉFANO
Velozes & Furiosos Romero Jucá, líder no Senado dos governos desde FHC, abriu CPI sobre o Acordo de Delação da Friboi e quer convocar o procurador Rodrigo Janot e o ministro Édson Fachin, que materializaram o ajuste. Retaliação dos barões salteadores.
É o Velozes & Furiosos, versão legislativa brasileira. As outras CPIs de impacto que envolveram estatais e empresas privadas resultaram (1) sem conclusão e (2) revelações de achaques de parlamentares sobre os investigados.
Remember Marisa Ainda vai sobrar para Marcela. Não há de ver que Joesley Batista, o cara da Friboi, diz agora que a bela e Michelzão viajaram em seu avião. Hoje no Brasil avião que carrega avião não ganha os cem anos de perdão.
Esquizofrenia O PSDB quer queo TSE considere as delações da Odebrecht no processo de cassação da chapa Dilma-Temer. Ao abrir o processo, o partido queria tirar presidente e vice, ressaibo da derrota de Aécio Neves.
Dilma impichada, o PSDB quer a nulidade complacente, que estica e volta a parecer intocada: cassação de Dilma e não castração de Temer, em cujo ministério o PSDB agarrou-se como carrapato.
Operação Lêndea Cortar os cabelos do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures é abuso, como denunciou seu advogado ao STF. E é pífia a justificativa de poupar o ex-deputado ao ataque de piolhos ou proteger outros presos dos piolhos de Rocha Loures.
Primeiro, porque em cela de bacana não tem piolhos; presos no nível social de Rocha Loures levam a nécessaire abastecida com xampu e mata-piolhos. Segundo, se o problema fosse o piolho, teríamos que raspar a cabeça dos alunos do ensino fundamental, mesmo nas escolas de ricos.
De mais a mais, José Dirceu, Antônio Palocci, André Vargas, João Vaccari, Eduardo Cunha e outros mantiveram as vastas melenas na prisão. Se os presos da corrupção têm piolhos, eles estão em casa, são os parceiros que bateram a bolsa da Duquesa de Caxias.
Almanaque Rafael O site da prefeitura toca a essência do curitibano nos conselhos sobre as chuvas da semana: “não use guarda-chuva aberto debaixo da marquise”. Até hoje carrego a marca do raspão da sombrinha na testa. A frase vale um tratado de etnografia.
Quando o sol surgir, a prefeitura bem que podia continuar o aconselhamento: cumprimente seu vizinho no elevador e às mulheres que suavizem as feições e relaxem a carranca – não tira pedaço e ninguém vai lhes passar atestado de baranga.
OS SUPOSITÓRIOS DA NEGAÇÃO
Michel Temer admite que voou nele, mas não sabia que o avião era da Friboi. Viagem longa, para o Nordeste, ele e família, incluída a babá ainda sem cargo em comissão, receberam flores, bombons, bolachinhas de cortesia da tripulação.
Temer está sob o efeito dos supositórios da negação. Os supositórios se escondem nas pregas da cadeira presidencial, entram pelas pregas da bunda presidencial e chegam ao cérebro presidencial, assim tipo solitárias gulosas. Foi assim com Lula, Dilma e agora com Michel Temer. Há indícios veementes, como dizem os advogados de corruptréus, ou réus corruptos.
Lula visitou, encomendou e acertou a aquisição do tríplex e jura que nunca esteve lá. O mesmo com o sítio. O supositório o atacou nas viagens com Rosemary Noronha, a secretária. Iam no mesmo avião, dormiam nos mesmos hotéis e Lula de nada sabia. Dia seguinte, quando apareciam cabelos no lençol, ele jurava que era do peito e da barba de João Vaccari – que continuava no Brasil, pasta na mão pedindo grana para os empreiteiros petroleiros.
Michel Temer entrou em avião sem saber quem era o dono, apesar do forte aroma de picanha fatiada. Sabia que não era avião do governo, que ele tinha direito de usar – e não podia ignorar a origem, já que os pilotos são militares e está escrito Força Aérea Brasileira bem grande na fuselagem.
Não consigo entender como um homem viajado, letrado, escritor festejado, cheio de mandatos legítimos, até o de vice-presidente põe a família em avião desconhecido. Podiam ser terroristas islâmicos ou bolivarianos, que fariam mal à bela e recatada Marcela ou cobrariam resgate para devolver Michelzinho. Gente assim tão distraída só chega à presidência porque os brasileiros usam o papel higiênico no lugar do título de eleitor – e vice-versa.