ROGÉRIO DISTÉFANO
Bem que gostaria de começar estas linhas dizendo ‘prometo não mais tocar no assunto’. O assunto, a Operação Lava Jato e o protagonismo do juiz e dos procuradores baseados em Curitiba. É impossível. Somos cercados o tempo todo por gente a comentar os desdobramentos, assediados nas redes sociais com opiniões que vão do cretino ao brilhante. Paciência, a irracionalidade e a estupidez são atributos humanos. Ponto.
O que venho captando é a fina percepção de que o juiz Sérgio Moro não foi a brastemp sonhada no interrogatório do ex-presidente Lula. Analista de peso, Clóvis Rossi, na Folha de S. Paulo, deu-se ao trabalho de levantar questões que o juiz deveria ter apresentado a Lula e não o fez. E nelas se vê que fariam o contraponto adequado às evasivas do réu. Não há espaço aqui para analisar o interrogatório. Basta ficar num momento dele.
É o momento em que Moro pergunta a Lula se este se ‘sente’ responsável pelos fatos da Lava Jato. Pergunta subjetiva, irrelevante, inócua para a apuração da verdade – a verdade real, buscada no processo. Na hora lembrei dos júris do cinema norte-americano, nos quais esse tipo de pergunta é indeferido pelos juízes, exato pelo seu marcado subjetivismo. Em outras palavras, faltou objetividade no interrogatório de Lula.
A audiência de Lula resgata-me uma conclusão, extraída na advocacia: os juízes federais não são bons interrogadores como os juízes do trabalho e os juízes estaduais das áreas cível e criminal. Os federais trabalham preponderantemente com matérias com pouca ou nenhuma necessidade das provas orais, a testemunhal e o depoimento pessoal. Já os outros fazem isso como rotina; vão direto ao ponto central, o cerne do processo.
– Não sei, diria Lula.
ALEMANHA,POLONIA,ITALIA,UCRANIA 1 BRASIL 7 E AINDA QUEREM TENTAR DESQUALIFICAR A VITÓRIA,LULA DEU UMA INVERTIDA NESSE PANACA,ENQUANTO O NORDESTINO MIRAVA SEUS PLHOS ELE OLHAVA PARA AS UNHAS ,TALVEZ CORADO DE VERGONHA.
O juiz Sérgio Moro convocou o 51 antes de condená-lo por mentir descaradamente. Se o 51 não tivesse sido ouvido e condenado poderia dizer que não foi ouvido. Foi e mentiu o quanto quis, pena que só convenceu os fãs, os otários e as almas parvas de sempre. Quem ouviu e viu os gestos do 51 percebeu que ele estava apavorado, pedindo para a audiência acabar e ele voltar correndo para casa. O cara estava com tanta pressa de fugir que nem para o hotel voltou, passou o costumeiro 171 na tigrada que o estava esperando e se mandou, nem a noite passou na República de Curitiba.
O mais maluco de tudo isso foi a assistência de acusação ter dado de dedo nos defensores do acusado e tal defesa, tão hábil em convocar coletivas de imprensa, acadelou-se. Juiz que tranquiliza o réu porque não irá prendê-lo, acusação que grita e defesa que se cala; e o foco? Se perde.