Rogério Distéfano
VEM AÍ o voto impresso: a cabina eleitoral funcionará como caixa eletrônico. A gente faz a operação, a máquina emite o comprovante. Da máquina do banco sai o nosso dinheiro. Da máquina da urna, o dinheiro do candidato em quem votamos: a gente combina antes, acerta o valor, vota nele e leva o recibo para pegar a grana. Já era tempo de o eleitor levar algum.
Hoje é o candidato quem pega o dinheiro no caixa dois; eleito, recebe os tubos como lucro da aplicação. E nada para o eleitor. Funcionava bem na República Velha, com o voto de cabresto, em que o eleitor era tangido até a seção eleitoral com a cédula na mão. Antes recebia um pé do sapato novo ou meia dentadura; candidato eleito, recebia o outro pé e o resto da perereca.
Um avanço, o voto impresso. O eleitor pega o dinheiro antes de sair o resultado da eleição. Ninguém segura este país, ensinava a ditadura Médici. Coisa boa para o fabricante da máquina e o produtor do papel-recibo, que vão se entupir de grana e recuperar o gasto no Congresso para aprovar a traquitana e o caixa dois da politicalha. O voto impresso é primo da tomada de três furos, legado de dona Dilma.
EIKE BATISTA vende sua Lamborghini para juntar o dinheiro da fiança. O carro deve valer uns R$ 2,5 mi. Se Lula tiver que vender sua jabiraca, a Ford F-l000 1976, também para a fiança, acaba recebendo mais que o valor do carro de Eike. É que a ‘Poderosa’ – termo carinhoso da família – tem valor sagrado para os petistas, algo como a túnica inconsútil de Cristo.
O GOVERNO FEDERAL suspende, por falta de recursos, a fiscalização do trabalho escravo e do trabalho infantil. Mas não faltam recursos para pagar deputados que impedem a fiscalização de Michel Temer. Governar é eleger prioridades, ensina a ciência política.
JOESLEY BATISTA, o cara da Friboi que entregou Michel Temer, Aécio Neves e Rodrigo Rocha Loures, declara que a “delação foi um renascimento” para ele, que assim mostra ser alguém de “carne e osso”. Isso de renascimento é papo furado; vai renascer vegetariano? Quanto à carne, ele caiu do mignon para o acém. Já o osso, só saberemos se a polícia vasculhar embaixo do angu.
Pois é,não falta dinheiro para se fazer os títulos,nem para construir os Palácios do TRE ,mas para hospitais e escolas não vem ao caso,o que importa e nós ter as eleições mais modernas do mundo,mesmo que isso não sirva pra nada.
Não sei quem foi o gênio que inventou esta da impressão do voto, mas o cara foi mesmo genial. Agora sim é que o voto vai ter valor, tem até recibo, o tigrão prova que votou e apresenta o comprovante. O que melhor do que isto? Mais uma vez os meus mais sinceros votos, não poderia ser melhor. Agora sim a coisa vai?
Só lembrando que o tal dinheiro para pagar deputados é, na verdade, a liberação das emendas parlamentares, no valor de até 8 milhões por deputado, majoritariamente destinadas a ações de saúde (construção, reforma, ampliação, equipamentos de postos de saúde, hospitais etc) executadas por estados e municípios. Se parte desse dinheiro chegar ao bolso de algum deputado, é por falta de atenção e fiscalização dos órgãos de controle, e principalmente daquele que é o pagador e beneficiário final das ações de saúde: sua excelência, o povo.