Carlos Alberto Noviski
As crianças estão morrendo muito cedo. Meu amigo Noviski foi embora depois de cair no banheiro da sua casa hoje e de ter socorrido pela família. Era um menino grande de 50 anos. Enorme. O tamanho do seu corpo, gigante, era só menor que seu coração, sua alma, seu jeito sempre traduzido na voz, mansa, doce, musical. Noviski tinha a sensibilidade dos artistas e, por isso, como sempre, sofria – e, às vezes, bebia, mas sempre se revoltava contra este mundo cruel. Mas ele fazia bem isso, a revolta, nas charges que pareciam ser gritadas. Assim que o conheci há anos, na redação do Jornal do Estado. E, caso raro, foi um gostar à primeira vista, porque parece que este time que se perde por aí tem afinidade total – provavelmente para se segurar mais um pouco. Carlos Alberto Noviski, por ser criança, tinha medo da cirurgia que precisava fazer para interromper e reverter seu processo de aumento de peso. Ontem, pelo que se informa, fez o procedimento. Hoje está morto e todos que o conhecem estamos perdidos por aí, sem saber o que dizer, sem saber o que fazer – apenas lamentar, chorar, rezar. Há algum tempo eu e outro grande artista, o também cartunista Solda, fomos fazer uma visita à casa do grande. No quintal havia uma Chevetão velho cujo interior estava entupido de garrafas de bebida. Perguntei se aquilo era uma instalação. Noviski riu, como sempre riu, um riso sincero, que tinha humor sadio, galhofeiro, enfim, moleque. Aquela obra, sim, era dele, pois jogava ali dentro as garrafas das festas que fazia em casa para os amigos. Depois houve uma cruzada em forma de rifa para que ele fizesse cirurgia nos olhos – todos, na verdade, querendo o melhor para um dos nossos, um dos bons, um que precisava enxergar direito para criar. Colaborei e não ganhei o desenho quer era o prêmio. Mas o meu deve ter ficado na mente dele, ou na sua alma, não importa. O que importava é que ele ficasse bom, que flutuasse não só na criação, e continuasse a fazer parte daquele lado da balança que está perdendo feio neste país de pulhas. E agora, Noviski? Você e seu peso foram embora e ficamos aqui com um vazio do tamanho da sua bondade e do seu talento. Amém.
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Eu conheci o Noviski ainda na redação do jornal Curitiba Hoje, há duas décadas. Gente boa, humilde e talentoso. Perdemos um amigo, uma alma pura. Está com Deus!
Notícia triste demais. Noviski era um grande profissional e um cara alegre e justo. Tive a oportunidade de fazer alguns trabalhos com ele e acompanhar nos últimos anos seus posts e tiraas muito bem sacadas no Facebook. Descanse em paz, grande.
Bela homenagem, Zé Beto.
Zé, estava presente no dia em que você visitou meu tio em sua antiga casa. Ele fazia varias festas em casa mesmo, mas sempre acompanhado. Pela forma que escreveu parecia que ele era um alcoólatra. Se informe melhor antes de escrever invenções e deduções, respeite o homem.
Zé Beto, o Noviski estava com a família em casa. Caiu no banheiro e a família foi em busca de socorro. Não estava sozinho.
Para a cirurgia de transplante de córnea fizemos uma rifa. O ganhador foi o advogado Marco Berberi. Isso aconteceu em 2012.
A cirurgia bariatrica seria paga com o fruto do seu trabalho. E obviamente que se preciso fosse nós o ajudaríamos.
Pois bem, os detalhes que cito são meramente detalhes. O que fica é a genialidade. Brilhantismo. Honestidade. Lealdade. Enfim…
tenha certeza que não foi essa a intenção do texto, airton, muito pelo contrário. se você leu dessa maneira, não tenho culpa. alcoólatra sou eu, que sobrevivo porque não bebo há 25 anos. de qualquer forma, se possível, aceite minhas desculpas pelo que ofendi você, não ao noviski.
obrigado pelas informações.
Os cartunistas da cidade querem marcar um dia na semana pra beber em memória do velho amigo. Samba e Prosa, dizem. Assim rasteja a humanidade…
Prezado Zé, tive o prazer de ser sorteado na rifa do Noviski. Ajudei-o a realizar o transplante. Ajudaria com ou sem rifa, sorteio ou brinde. Sorte foi tê-lo conhecido. RIP, Polaco!
Belo texto Zé Beto. O grande Noviski merece todas as nossas homenagens. Grande pessoa, grande talento, grande generosidade. Uma grande e sentida perda.