por Rogério Distéfano
Ah, esses novos prefeitos. Esbaldam-se nos primeiros dias de mandato, agem como emissários da Providência, ungidos para salvar suas cidades. Sabem, embora finjam ignorar, que o importante não é o primeiro, mas o último dia do mandato, nada interessa como se toma posse, sim como se entrega o cargo.
Vide os neoprefeitos de S. Paulo e Curitiba. João Dória, o paulistano, promete envergar macacão de gari e, com seus colegas eventuais, varrer as ruas uma vez por semana. Fez isso no primeiro dia e diz que fará até o último. O modo como começa não exatamente abona sua declarada intenção: no dia anterior à sua estreia como gari o palco, praça Nove de Julho, passou por rigorosa faxina.
Já o nosso prefeito, Rafael Greca, age como o pubescente mal saído da infância e mal entrado na puberdade. Bem avançado nos cinquenta, vê a prefeitura como seu brinquedo predileto. Vende-nos a ideia de que com ele tudo é lúdico, risonho e fácil. Dizer que vive num otimismo panglossiano seria desmerecer sua inteligência; é ele que se lixa para a nossa.
Como pubescente o prefeito nos convida para seu turgor por Curitiba, turbinado em jorros de testosterona cívica, ele longe do terror do PSA. Nada contra, cada qual ama e nutre concupiscência por quem quer, como quer, no jeito, local e modo que quer. Acontece que Curitiba somos nós, e nas juras de amor de Rafael Greca pela cidade esse desejo ora platônico pode se concretizar sobre nós. E para Rafael Greca restará o melhor, o seu prazer de adolescente.
Paulistanos e curitibanos vivemos a expectativa de um prefeito aprendiz de gari e de outro que transita entre o parquinho e a exaltação da libido cívica.
Desculpe: o robusto Alcaide recém iniciou-se nos 60, tendo deixado os 50 para trás.