por Zé da Silva
Capricórnio
não há poesia neste temporal porque ele me encharca a alma podre e começo a sentir o fedor de mim mesmo como se tivesse morrido mas não perdido os sentidos chove chuva o caralho porque não tenho teto e todos os abrigos e buracos estão ocupados por seres/vermes como eu nesta cidade sorriso desdentado e dominada por seres bem piores do que pois desonestos que se acham honestos perderam o senso o pudor a vergonha compraram imóveis carros gente um raio no céu mas não cai na cabeça de nenhum deles porque parecem protegidos e eu aqui com minha guimba despedaçada no bolso minha cueca furada e cagada pinto molhado no lixo urbano rezando por uma pneumonia fulminante para ser comido pelos vermes decentes pois os vermes estes que estão aí estes comeram a minha alma antes de eu nascer.