6:30Afasta de nós esse Estado!

por Célio Heitor Guimarães

Esse infeliz Paulo Guedes precisa entender de uma vez por todas que o Estado existe para proteger e servir os cidadãos deste país, e não o contrário. A Constituição Federal do Brasil, aquele livrinho sobre o qual todo mundo fala, mas que muitíssimo pouca gente leu e cumpre, é explícito ao estabelecer, logo no seu introito, que a finalidade da chamada Lei Maior é “instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias”.

Se isso não bastasse, o art. 3º da dita Carta, expressa ser objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento social; erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades sociais e regionais e – atenção! – sobretudo, promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Reitere-se, pois: o Estado existe para servir o povo e não o povo para servir o Estado. Infelizmente, não pensam assim os governantes, sejam eles quem forem, inclusive e especialmente os atuais.

A preocupação dos gestores públicos, desde sempre, é com a preservação do Estado, mas não para prestar serviços públicos, que seria o natural, mas para garantir o poder dos mandatários, suprir as suas deficiências administrativas e ocultar condutas reprováveis e até criminosas.

Ao contrário de atuar em benefício do público e produzir bens e serviços para a coletividade, propiciando à população condições de saúde, de educação, de segurança e oportunidade de emprego, o Estado tem demonstrado a sua deficiência, incompetência e desinteresse nesses setores.

E aí os gênios de Brasília e os seus correspondentes estaduais e municipais acenam falsamente com as tais “reformas”, sem as quais, garantem, o Brasil não sobreviverá. Não sobreviverão eles. Foi assim com FHC, com Lula, com Dilma e é assim com o capitão da reserva. Reformas verdadeiras talvez fossem aquelas pretendidas por João Goulart. Mas elas o apearam do governo.

Hoje, é tudo embuste, como se viu e está vendo. Tratei disso semanas atrás e agora reafirmo. As “reformas” do outrora sábio “Posto Ipiranga” foram e continuam sendo pífias, mal-intencionadas, e se prestam na verdade para aumentar o tamanho do Estado, com a criação de novos tributos e a retirada de direitos da sociedade. Cada manifestação do comandante da economia nacional é um novo susto na população. Além da acalentada volta da maldita CPMF, a mais recente “ideia” divulgada pela imprensa é o fim do aumento real de piso de professor da educação básica. A lei atual garante um ganho real a cada reajuste. O governo, claro, quer acabar com isso. Ele só não se preocupa, como se sabe, com os verdadeiros privilegiados do serviço público, como os militares, os magistrados, o ministério público, os tribunais de contas, o Itamaraty, os parlamentares e os colecionadores de jetons.

A presença do Estado é asfixiante e manifesta-se de forma arbitrária ao semear impostos, ditar regras e regular salários e ordenados. É também absurdo o monopólio do Estado na administração e utilização de fundos sociais aos quais os beneficiários não tem acesso, como o FGTS e PIS-PASEP.

Já há algum tempo que o sociólogo e professor Wanderley Guilherme dos Santos, do Instituto Universitário do Rio de Janeiro (IUPERJ), prega a libertação da vida política com a diminuição da presença do Estado e a quebra das algemas governamentais e estatais que impedem a sociedade brasileira de se autogovernar e não mais submeter-se ao controle do Estado.

Para tanto, sustenta o prof. Santos que é indispensável, primeiramente, que os grupos sociais rompam a antiga tradição de tudo esperar ou pedir do Estado. Justifica: “O que a sociedade pode decidir e resolver por si mesma não cabe ao Estado antecipar-se paternalisticamente e resolver a questão”. E realça: “O paternalismo estatal termina sempre por obter compromissos da sociedade e, portanto, perda de direitos”.

A reconquista dos direitos de cidadania passa, também e essencialmente, pela capacidade do eleitor de votar conscientemente, de escolher, com critério, coragem e sabedoria, aqueles que irão nos governar. E aí talvez esteja o maior e quase intransponível obstáculo. Desgraçadamente, os eleitores têm preferido eleger falsos salvadores da pátria, demagogos e bandidos ocultados pela farda, pela bandeira religiosa ou por um gracioso apelido.

2 ideias sobre “Afasta de nós esse Estado!

  1. Ejak precossi

    O Estado está nas mãos dos manipuladores e dos interesses de uma minoria. O Brasil não passa disso: dos esquemas, do jogo sujo de cartas marcadas. Quando um cidadão comum comete uma ilicitude é penalizado com rigor, enquanto o outro lado tem benesses da lei. Afastam com honrarias e, um ente familiar herda, para dar continuidade…..
    Merda de país, apesar de ama lo, fizeram de nós , povo, instrumento desta pseudo democracia.
    Confesso que tive um raio de esperança com a lava jato, porém, o poder da corrupção, vaidade etc foi maior.
    A imprensa parou de bater e chorar, o poder econômico fez calar

  2. SERGIO SILVESTRE

    Eu pergunto,temos grandes jornais,grandes redes de comunicação,milhares de formadores de opinião,vocês jornalistas e afins é que levam a informação para os 1% de nababos,10% da classe media que pensa ser rica e os 89% se remediados e miseráveis,alguns milhões deles ainda vivem num horror pior que a escravatura.
    Mas são as informações,a maioria mentirosa é que tocam a boiada,hoje vivemos uma mentira que esses 11% que gritam alto levou toda uma legião de miseráveis e trabalhadores braçais de uma vida que começava a delinear esperança para esse caos social que estamos enveredando.
    A culpa não é dos pobres,quem foi as ruas foram as irmandades compostas por uma elite que fede enxofre,elite do atraso,do quanto pior ,melhor para eles.
    Mentira minha,aqui todos são tratados iguais,o repórter policial escracha o pobre e o rico,o juiz julga o pobre e o rico com a mesma régua,os pretos pobres ,putas e agora também os petistas são olhados com a mesma distinção pelos magistrados maçons.
    Ora gente,fazem mea-culpa,rezem 500 aves marias e pai nosso,digam que votaram no Bolsonaro por ódio ao PT,que escolheram um bandido miliciano,por que o professor oponente é comunista.
    Ainda se ouve muito disso vindo de comunicadores famosos com muita audiência,esses odiosos dizem sempre a mesma cantilena,vírus chines,Comunismo,Venezuela,Chavismo,bolivarismo e a manada bate palmas.

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