DIÁRIO DA PANDEMIA
- À noite o silêncio é total. Faz-me falta ouvir vozes, mesmo que não possa entender o que falam. Mas, me condenam ao silêncio e isso é intolerável. Bato bumbo na madrugada: “Acordem, vagabundos, eu sei que vocês estão aí”.
- Teve a noite que eu me matei. Chacoalhava a gaveta dos talheres e gritava: “Para com isso, Isaura. Largue essa faca…Isaura, nãããão…”. Em seguida deixava cair a gaveta, me jogava no chão, gemia um pouco e ficava esperando que viessem me dar o Oscar.
- O vizinho é militar. Toco o Hino Nacional na alta da madruga. Parece que estou vendo o danadinho pular da cama e batendo continência feito um idiota.
Nos espaços interiores acontecem coisas que até Deus duvida!
Gosto demais desse “Diário da Pandemia”, Padrella!
Essa do imitar bater continência e de empatar foda.