por Dirceu Pio
Dormi a noite passada com a frase de Enio Mainardi encalacrada na cabeça e confesso que se não fossem os horrores que ela suscita, teria dado boas risadas: “Tem dias que ele, Bolsonaro, deveria trancar a boca com cadeado” – escreveu Enio mencionando a declaração do presidente “…de que poderíamos perdoar o Holocausto, mas não esquecê-lo“….
Gosto e apoio o novo governo e acho mesmo que ele superou todas as minhas expectativas em menos de quatro meses…mas confesso que fico muito constrangido toda vez que o presidente tenta saltar por sobre atrocidades, reduzindo a importância delas…
É minha opinião, mas digo que atrocidade não se perdoa e nem se pode usar qualquer pretexto para justificá-la…toda vez que isso é feito, quebra-se um dos elos do processo civilizatório e a humanidade caminha para trás: é como se disséssemos aos tiranos de todas as épocas – vão em frente, matem, censurem, torturem, estuprem que um dia vocês serão perdoados….
O Holocausto foi feito de pura atrocidade; o governo de Josef Stalin foi feito de muita atrocidade; o regime de Augusto Pinochet foi feito de muita atrocidade…O regime de Nicolás Maduro também é feito de atrocidades…
Houve muitas atrocidades também no regime militar brasileiro e a pergunta que cabe aqui é: qual foi a contribuição efetiva, na repressão à esquerda, da tortura, da censura e das chácaras de extermínio de Atibaia ? Eu mesmo respondo: nenhuma !
Muito bom Professor mas, com todo respeito, acho que a fala do Bolsonaro foi (como sempre) mal interpretada. A questão do termo “perdoar”, na própria sabedoria judaica, significa algo como “não promover a justa vingança” (o conhecido olho por olho). Não significa “esquecer”, “relevar”, “diminuir”, mas sim abster-se voluntariamente de exercer seu direito de devolver o mal sofrido com a mesma moeda. Esquecer é biologicamente impossível. Perdoar é lembrar, mas nobremente não se vingar. Obrigado
Obrigado, Franco….a intenção de escrever sobre o assunto foi pra sinalizar que ele precisa agora tomar mais cuidado com o que diz e o que fala…a fase de palanque ficou para trás e agora ele precisa agregar e não subtrair…você está certo na interpretação da frase, mas imaginar que o grande público e os israelenses pensarão assim, é uma estupidez…outra coisa: pra que elogiar o Pinochet ou negar que houve golpe e tortura durante o regime militar ? Isso poderia fazer sentido lá atras para combater petralhas e outros ladrões, hoje não…trabalhar e gerir o Brasil em benefício de todos os brasileiros tem de ser o foco..,abraço